Tio Arantes, que liderou pior rebelião em MS, é preso por explosão de caixas
José Cláudio Arantes é investigado como integrante da quadrilha que explodiu dois caixas eletrônicos dentro do parque de exposições Laucídio Coelho
Um dos principais integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul e líder da maior rebelião que a Penitenciária Máxima de Campo Grande já teve, José Cláudio Arantes, o ‘Tio Arantes’, voltou a ser preso em Campo Grande, desta vez por envolvimento com a explosão dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil, dentro do Parque de Exposições Laucídio Coelho.
Dono de uma extensa ficha criminal, Tio Arantes, de 62 anos, foi preso em um condomínio da Avenida Marquês de Pombal na noite de segunda-feira (23). Foi através de denúncias, que policiais do Batalhão de Choque chegaram ao suspeito.
Segundo apurado pela reportagem, José Cláudio Arantes é suspeito pelo arrombamento dos terminais eletrônicos da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e estava com um mandado de prisão preventiva em aberto expedido durante as investigações do caso, coordenadas pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).
Na casa do suspeito, os policiais ainda encontraram quatro celulares, um deles furtado em 2015 de uma loja de departamento de Três Lagoas - a 336 quilômetros de Campo Grande. Arantes acabou confessando ter comprado o aparelho por R$ 300 e também acabou preso em flagrante por receptação.
Em audiência de custódia, o suspeito teve a prisão preventiva decretada e permanece preso pelos dois casos. Agora, Tio Arantes responde por receptação e roubo majorado e organização criminosa.
O caso - O roubo cinematográfico aos caixas eletrônicos na Agrissul aconteceu na madrugada do dia 11 de outubro. A logística dos bandidos incluiu troca de carros, “armadilhas” com pregos nas ruas do entorno do parque e técnica de explosão menos danosa às cédulas de dinheiro.
Segundo apurado pelo Campo Grande News na data, os ladrões invadiram o parque durante a madrugada, renderam os dois seguranças do local e explodiram os terminais eletrônicos. Para isso, os suspeitos usaram explosivos improvisados, feitos a partir de pólvora compactada, que causa menos danos às cédulas.
Os bandidos, pelo menos seis deles, só não contavam que durante a fuga seriam flagrados por policiais militares que ouviram as explosões e resolveram verificar o que acontecia. Um troca de tiros aconteceu nas ruas em torno do parque, mas ainda assim a quadrilha conseguiu escapar.
Ao menos três veículos foram utilizados pela quadrilha. Um Golf, usado inicialmente na fuga; um Logan e um terceiro carro, os dois primeiros foram apreendidos pela polícia. Em entrevista, o delegado Fábio Péro afirmou que toda a ação foi planejada e que antes da ação os bandidos espalharam “miguelitos”, estrelas de prego, fechando ruas em torno do parque para atrapalhar a aproximação da polícia.
Equipes de investigações ainda buscam os outros envolvidos no crime. Questionado sobre o roubo, Tio Arantes negou e afirmou que nada sabia sobre o caso.
Longa ficha criminal - Dono de uma ficha criminal com prisões e condenações por roubo, tráfico de drogas e homicídios, Tio Arantes é apontado como o líder da maior rebelião que o Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande.
Em 2006 Arantes foi preso pela morte do advogado William Maksoud Filho, crime pelo qual já foi condenado. Meses depois coordenou a rebelião que resultou na morte do interno Fernando Aparecido do Nascimento Eloy.
A rebelião começou em São Paulo, chegou a MS e se espalhou por quatro cidades do Estado, Corumbá, Dourados, Três Lagoas e na Capital. Mas foi na Máxima que uma das cenas mais emblemática daquele 14 de maio aconteceu. Um grupo de presos do PCC em cima do telhado da unidade, e nas mãos uma cabeça decapitada e carbonizada, amarrado por uma camiseta.
Mesmo sendo identificado como a liderança do homicídio, ‘Tio Arantes’ cumpria pena no regime semiaberto quando voltou a ser preso em 2010, desta vez em uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), suspeito de comandar um esquema de tráfico de drogas de dentro da Colônia Penal.
Dois anos depois, o suspeito recebeu o beneficiado de progressão de pena e voltou para o semiaberto, até ser liberado e novamente preso em 2016. Em abril deste ano foi novamente preso, desta vez por tráfico de droga, mas 12 dias depois, foi absolvido pelo crime e voltou as ruas.
Além das várias passagens, ligações interceptadas durante a Operação Fénix, deflagrada pela Polícia Federal, provaram o envolvimento do suspeito, e de toda a família, com o traficante Luiz Fernando da Costa, o ‘Fernandinho Beira-Mar’ no período em que ambos estavam presos no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.