Traduzida em pesquisa, qualidade de vida é exaltada nas ruas
O que era mato virou garantia de sombra e momentos agradáveis para dividir em família. A mudança na Marginal Lagoa ganha aplausos da dona de casa Delaine Tamires, de 21 anos, que aproveitou o tempo ameno da manhã para estender uma toalha no gramado em companhia das filhas de Linana, de dois anos, e Tabata, de três meses.
“Antes de ter a meninas, vinha aqui fazer caminhada. Mas era um matagal. Agora, ficou bom. Tem sombra, dá para tomar tereré”, afirma Delaine. A avenida, inaugurada em dezembro do ano passado, liga o macroanel das saídas de Sidrolândia e São Paulo à avenida Duque Caxias, criando uma via rápida de 10 km para moradores de mais de 30 bairros.
“É uma benção”, define a Alaíde Lopes Pacheco, que comanda um restaurante no cruzamento com a Panambiverá. Ela conta que o ponto comercial valorizou e até as vendas aumentaram, chegando a 30 marmitex por dia.
A aprovação de Campo Grande, expressa por Delaine e Alaíde, foi medida na pesquisa “Qualidade de vida nas cidades”, desenvolvida pela ProTeste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. A cidade ocupa o quarto lugar no ranking de qualidade de vida entre 21 capitais.
Para 65% do público ouvido, a vida na cidade melhorou “significativamente” nos últimos cinco anos. Apenas 6% perceberam piora no município. Os habitantes da Capital de Mato Grosso do Sul apontaram habitação, educação, mobilidade e segurança como os quesitos de melhor qualidade na cidade. Não houve critério avaliado como ruim para os campo-grandenses.
A transformação da cidade, que já soma mais de 800 mil habitantes, fez dos trilhos abandonados um point da vida saudável na avenida Noroeste. A Orla Morena tem 2,5 quilômetros de obras de revitalização, com parque linear, pistas para caminhada, aparelhos de ginástica e ciclovia.
Morando a poucas quadras da academia ao ar livre, o funcionário público Paolo Henrique Leite Cardoso, de 30 anos, decidiu espantar a preguiça e aproveitar os benefícios da nova vizinhança. “Aqui melhorou muito, com certeza”, diz, enquanto malha ao som de músicas de louvor.
A ciclovia foi o incentivo para que o policial militar Hilário Juliano de Almeida, de 32 anos, descobrisse uma nova atividade física. “Quando estou de folga, pedalo até o aeroporto”, conta.
No parquinho, é tempo de brincar. O verbo mais conjugado na infância vira sorrisos e diversão para Gustavo, de 1 ano e 5 meses. “Ele já sabe pedir para passear”, diz a mãe Andréia Salgado, de 40 anos, que todas as semanas leva o filho ao parquinho.
O espaço proporciona ao menino a oportunidade de interagir com as outras crianças. “Ele convive só com adultos”, explica a mãe, enquanto Gustavo se esbalda na areia.
Pesquisa - Realizado em conjunto com outros quatro países, Portugal, Espanha, Bélgica e Itália, o estudo comparou a qualidade de vida em diferentes capitais. Por meio de correio eletrônico, os entrevistados atribuíram notas, que variaram entre 10 e 100, para os quesitos Habitação, Saúde, Mobilidade e Transporte, Paisagem Urbana, Emprego, Meio Ambiente, Segurança, Compras e Serviços, Cultura, Lazer e Esporte, Planejamento e administração da cidade.
Cidade verde - Se as obras transformam realidades, o verde garante a paisagem. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que Campo Grande é a capital mais arborizada do Brasil. Com o resultado, a cidade deixou Goiânia para trás. De acordo com a análise, o índice apontou que 96 residências em 100 são arborizadas na capital de Mato Grosso do Sul.
No quesito saneamento, Campo Grande também de destaca. A cidade tem 64% de cobertura de rede de esgoto e 99,6% de rede de distribuição de água. Na economia, lidera como maior polo econômico do Estado. Campo Grande tem PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 36 bilhões, o que torna a cidade a 15ª capital do país. O comércio representa a maior força econômica da Capital, com 36,4% de todo setor no Estado, formado por 11.461 estabelecimentos.