Vítima tinha histórico de medida protetiva contra agressor, mas desistia sempre
Bruna dos Santos Maroto foi espancada até a morte pelo marido, na noite de sexta-feira
Mais uma vítima do feminicídio em Mato Grosso do Sul, Bruna dos Santos Maroto, de 26 anos, espancada até a morte pelo marido, Edvan da Silva Rodrigues, de 43 anos, na noite de sexta-feira (27), no Jardim Los Angeles, em Campo Grande, tinha histórico de medidas protetivas contra o companheiro, mas sempre pedia revogação dos pedidos.
RESUMO
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Bruna dos Santos Maroto, de 26 anos, foi brutalmente assassinada pelo marido Edvan da Silva Rodrigues, de 43 anos, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Apesar de ter uma medida protetiva contra o agressor, Bruna frequentemente revogava os pedidos, retornando ao relacionamento conturbado. No dia do crime, Edvan alegou que a esposa havia sofrido uma crise epilética, mas as evidências mostraram que ela foi espancada até a morte. Ele foi preso em flagrante e, segundo a delegada Analu Ferraz, o caso destaca a complexidade das medidas protetivas, que podem ser revogadas a pedido da vítima, mesmo em situações de risco. Este caso é um dos 11 feminicídios registrados em Campo Grande em 2024, refletindo um aumento alarmante nas estatísticas de violência contra a mulher na região.
Durante coletiva de imprensa, a delegada da Deam (Delegacia Especializada na Proteção à Mulher), Analu Ferraz, explicou que Bruna foi a única vítima de feminicídio em 2024, em Campo Grande, que possuía medida protetiva contra o agressor antes de ser morta.
Apesar da preocupação, Bruna sempre voltava atrás e solicitava à Justiça a revogação do pedido. A última medida protetiva concedida à jovem aconteceu em novembro de 2023 e ainda estava ativa. Porém, nesse meio tempo, a mulher voltou a se relacionar com o marido e, nessa sexta-feira, acabou espancada até a morte por ele. A delegada não detalhou quantos pedidos foram feitos anterior ao crime.
Ainda de acordo com Analu, durante interrogatório, Edvan contou que que ambos tiveram uma discussão e que muitas pessoas estranhas frequentavam a residência, uma vez que Bruna era usuária de drogas.
“Ele contou que tinha saído para ir ao supermercado e quando voltou, ela já estava desacordada. Ele[Edvan] tentou verificar os sinais vitais dela, pegou um transeunte [que passava à rua], e pediu o celular para poder ligar e pedir socorro. Mas nós estamos coletando imagens de câmeras de segurança também”, afirmou a delegada responsável pelo caso.
Apesar de negar o crime, Edvan entrou em contradição ao dar detalhes sobre o que possa ter ocorrido e acabou preso em flagrante pelo crime de feminicídio.
Medida efetiva – Conforme explicado por Analu, a medida protetiva é uma garantia da mulher para que o agressor não se aproxime da vítima. Porém, quando julgar necessário, o pedido pode ser revogado a qualquer momento a pedido da solicitante.
“Em algumas situações, a mulher entende não estar mais em risco e ela mesma retorna ao relacionamento ou ao convívio com o agressor que ela tinha medida”, disse.
Estatística - Faltando um dia para o ano terminar, Campo Grande registrou, até o momento, 11 crimes de feminicídio somente em 2024. Se comparado em todo o Estado, o número fica ainda maior, saltando para 35, contra os 30 registrados em 2023, aumento correspondente a 16,6%.
10 anos de existência – Em março de 2025, completam-se 10 anos da lei que torna o feminicídio como crime. O decreto considera o ato, quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher de vítima.
Em outubro deste ano, entrou em vigor a lei que agrava ainda mais o crime, elevando para até 40 anos a pena para quem assassinar mulheres no contexto citado acima. Dessa forma, homens julgados por feminicídio podem pegar pena que varia de 20 a 40 anos, se houve agravantes como: crime cometido durante gestação; contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos; na presença de pais ou filhos da vítima; quando houver descumprimento da medida protetiva, entre outros.
O crime - Durante a noite de sexta-feira, a mulher foi encontrada por testemunhas no imóvel. Ela tinha lesões na cabeça e, então, a DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) foi acionada. Os policiais já constataram que a vítima havia sido brutalmente espancada e apresentava perfurações no corpo.
Diligências apontaram que ela mantinha relacionamento conturbado com um homem de 43 anos. "Havendo, inclusive, o registro de vários boletins decorrentes dessa situação", diz o delegado Rodolfo Daltro, que atendeu a ocorrência.
A polícia foi ao imóvel onde o suspeito mora, sendo informada que ele apareceu na casa com pressa, pegou roupas e saiu. Pouco tempo depois, o autor foi localizado na casa de um amigo, na mesma região.
"Alegou que estava na companhia da vítima, momento em que ela apresentou uma crise epilética e passou a se debater no chão, vindo a se lesionar fatalmente", descreve texto da DHPP.
Contudo, as lesões graves não indicavam um ataque epilético e, pressionado, o homem acabou confessando que matou a mulher. "Durante uma discussão passou a agredi-la, causando a morte dela. Relatou que também havia desferido golpes com uma faca contra a cabeça da vítima". A faca utilizada no crime foi encontrada com o suspeito, que acabou preso em flagrante pelo feminicídio.
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