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Capital

Vítimas da dengue esperam horas por atendimento na rede pública

Luciana Brazil | 07/01/2013 14:22
Na UPA do bairro Vila Almeida quase 50 pessoas esperavam atendimento desde cedo. (Fotos:Luciano Muta)
Na UPA do bairro Vila Almeida quase 50 pessoas esperavam atendimento desde cedo. (Fotos:Luciano Muta)
Grande parte dos que estavam na fila tinham suspeita de dengue.
Grande parte dos que estavam na fila tinham suspeita de dengue.

Apesar da campanha “Saúde em Ação”, lançada no último fim de semana pelo prefeito Alcides Bernal (PP), a população continua enfrentando fila e demora no atendimento em postos de saúde de Campo Grande, até mesmo com denúncias de erro em diagnóstico. A epidemia de dengue na cidade tem sido a grande responsável pela demanda nos postos, conforme informou o secretário Municipal de Saúde Ivandro Corrêa Fonseca.

Embora a ação da Prefeitura atual prometa agilizar o atendimento à população e diminuir o tempo de espera nas filas, a reclamação dos usuários do sistema público de saúde mostra que pouca coisa mudou.

Na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Vila Almeida, muitos deixaram o local depois de desistir do atendimento. Mesmo com dores no corpo, mal-estar e febre, sintomas típicos da dengue, a maior parte dos pacientes precisou esperar em média 3 horas até médico fizesse o atendimento, como levantou o Campo Grande News.

Elizete Ribeiro, 44 anos, chegou cedo ao posto e foi atendida 3 horas depois. “Eu cheguei às 8 horas e só agora (11h20) que recebi atendimento”. Com suspeita de dengue, ela reclamava de muita dor no corpo e febre. “Além de estar me sentido mal, ainda tenho que ficar horas esperando na fila”, reclamou.

A maior parte das pessoas que esperava atendimento na UPA da Vila Almeida tinha sintomas da dengue, como contou Elizete. Segundo o secretário de Saúde, o município vive uma epidemia da doença, com índices críticos. A média diária de casos notificados tem sido de 100.

Já prevendo o tempo que deveria esperar, a feirante Lucimar Souza, 42 anos, desistiu do atendimento para o filho de 13 anos que estava com forte dor de garganta. “Já estou aqui há 30 minutos e ele ainda vai passar pela triagem. Vai demorar muito e além disso, está um forno na sala de espera. O ventilador que tem não faz vento nenhum. Desisti. Vou embora”.

Ainda na UPA da Vila Almeida, uma mulher grávida de oito meses contou que o banheiro da unidade estava em péssimas condições. “Tem um vômito lá dentro. Está imundo. E já ouvi muitos médicos reclamando até do banheiro que eles usam”, disse a copeira Francieli Messias, 29 anos.

Elizete ficou 3 horas esperando para ser atendida na UPA Vila Almeida.
Elizete ficou 3 horas esperando para ser atendida na UPA Vila Almeida.

A reportagem do Campo grande News também recebeu denúncias de que na UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Popular houve tumulto e faltou médicos. Duas funcionárias garantiram que o atendimento foi normal, apesar de ter sido feito por apenas uma médica.

Comerciantes da região foram unânimes sobre o movimento no local. "Sempre tem fila e de vez em quando tem gente do lado de fora", contou um homem que preferiu não se identificar.

Diagnóstico: Além de enfrentar fila na manhã desta segunda-feira no UPA da Vila Almeida, a professora Mirian de Souza, 55 anos, estava indignada com o suposto diagnóstico errôneo dado no último dia 2 por um médico que atende na unidade. “Eu vim para o posto, mas tinha tomado dipirona e não estava com febre. Reclamei das fortes dores no corpo e ele disse que eu estava com infecção no rim”.

Prevendo a demora, Lucimar desistiu do atendimento ao filho.
Prevendo a demora, Lucimar desistiu do atendimento ao filho.

O médico, segundo Mirian, receitou antibióticos, que não resolveram em nada, segundo ela. No domingo, Mirian voltou ao posto para uma nova consulta. “Ontem, eu voltei ao posto e quem me atendeu disse que era óbvio que o meu diagnóstico era dengue”.

Na manhã de hoje, munida do Cartão de Acompanhamento Dengue, ela aguardava outra consulta e o resultado do exame de sangue para confirmação da doença.

Sobre o diagnóstico, o médico se defendeu da acusação e disse ao Campo Grande News que um diagnóstico não exclui o outro. “O paciente pode ter um quadro de infecção. Nada impede que ela tenha os dois diagnósticos”.

A reportagem tentou ouvir a assessoria de imprensa da Prefeitura e o secretário Ivandro Fonseca, mas ele não atendeu as ligações.

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