Wesner, o menino da dona Mara, volta para casa em seu último adeus
Desolada e sob efeito de calmantes, Marasilva vela o filho de 17 anos, vítima de agressão com uma mangueira de alta pressão de ar
Desolada e sob efeito de calmantes, Marasilva Moreira vela o filho de 17 anos, Wesner Moreira da Silva, que morreu na terça-feira (14) após ser agredido com uma mangueira de compressão no dia 3 deste mês. A mãe viu o filho vivo pela última antes de ele ser submetido a uma endoscopia, exame feito para encontrar a lesão que estava provocando uma hemorragia interna.
Chegou a dizer que o jovem estava melhor e ia "sair dessa". Não saiu. "Meu menino foi embora, ele estava tão bem", lamentou.
Com o velório em casa, na Rua Padre Damião, bairro Pioneiros, na manhã desta quarta-feira (15), ela dá o último adeus e chora pela forma como perdeu o filho. A família preferiu que o velório fosse feito na residência porque era um local onde ele sempre estava.
A mãe não saiu do lado do caixão durante todo o tempo que o corpo chegou na casa e o velório. "Tinha que ser um local especial para dar o último adeus. Aqui ele convivia com a família e os amigos", relatou Marasilva.
Com cadeiras na calçada e na rua, cerca de 50 pessoas acompanham o velório. Uma mistura de tristeza e indignação toma conta de amigos e famílias. "Eu não falei que ele era um menino querido, de coração bom. Olha o tanto de gente que tem aqui".
O pedido de justiça é unânime e o clamor para a prisão dos suspeitos de terem agredido o rapaz toma conta de quem passa pelo local. "A Justiça de Deus não falha. Eles vão pagar perante Deus o que fizeram", disseram parentes.
Prima do rapaz, Patrícia Brites disse que a notícia da morte foi dada ontem por volta das 13h e desde então a família está desolada. "Ela (a mãe) viu ele pela última vez com vida e disse que ele estava melhor. Ela estava mais confiante e que achava que ele ia sair dessa", disse emocionada.
O sepultamento está previsto para às 16h no Cemitério Park Monte das Oliveiras, que fica na Avenida Guaicurus.
Crime - Os dois suspeitos de terem cometido o crime contra o adolescente são Thiago Giovanni Demarco Sena, 20 anos, dono do lava jato, e Willian Henrique Larrea, 30 anos. Eles já foram ouvidos na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), onde o caso é investigado como lesão corporal grave. A prisão preventida de ambos já foi pedida e o crime que antes estava registrado como lesão corporal grave passou a ser lesão corporal grave seguida de morte.
O caso foi denunciado pelo primo da vítima, de 28 anos, na sexta-feira (3), mesmo dia que ocorreu o crime. No relato à delegacia, o rapaz disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.
Morte - Wesner teve uma hemorragia grave e uma parada cardiorrespiratória. Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, onde o adolescente de 17 anos estava internado há 11 dias, ele morreu às 13h35 desta terça-feira (14) depois que médicos tentaram reanimá-lo por 45 minutos.
No período em que esteve internado, o adolescente já havia passado por dois procedimentos cirúrgicos após perder metade do intestino grosso em decorrência da agressão.
Em termos técnicos, Wesner morreu após sofrer um choque hipovolêmico (grande sangramento na região toráxica) seguida de parada cardiorrespiratória.
Ainda conforme a assessoria do hospital, até ontem, Wesner estava em uma das enfermarias e o quadro de saúde era considerado estável, embora médicos não tenham dado previsão de alta.
Ontem pela manhã, entretanto, ele vomitou e com suspeita de hemorragia interna foi encaminhado para a ala vermelha do hospital onde passou por uma endoscopia. Pouco tempo depois de fazer o exame, ele sofreu a parada cardíaca.
Há a suspeita de que a hemorragia seja em decorrência de uma lesão grave no esôfago, detectada pelo exame. Contudo, a causa certa da morte, segundo a assessoria de imprensa do hospital, só será determinada pelo médico legista.