HU desiste de suspender cirurgias e polêmica com a Servan continua
Cinco dias após anunciar a suspensão das cirurgias a partir de amanhã (26), o HU (Hospital Universitário) voltou atrás e informou, nesta segunda-feira (25), que manterá o serviço por tempo indeterminado. A instituição, no entanto, não resolveu impasse com a Servan, empresa que terceiriza os médicos anestesistas, e aguardará manifestação da Justiça antes de encerrar o contrato.
Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) protocolou Ação Civil Pública, com pedido de liminar, para acabar com cartel da empresa e evitar colapso no sistema de saúde do Estado. A Servan não aceita renovar o contrato, que vence amanhã, se o pagamento terá como referência a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).
A empresa, que conta em seu quadro com 86 dos 89 médicos anestesiologistas da Capital, exige o pagamento com base na tabela da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos), com preços 108% a 1.600% superiores a do SUS. Mas, por ser instituição pública, o HU obrigatoriamente precisa respeitar os valores definidos pelo SUS.
Diante do impasse, o MPF acionou a Justiça e, liminarmente, cobra a manutenção dos serviços prestados pelo Servan, mediante remuneração com base na tabela SUS até a criação de vagas e a abertura de concurso público para provimento de anestesistas. O órgão pede ainda que a empresa reduza seu quadro de médicos a no máximo 20% dos anestesiologistas do município para garantir o fim do cartel.
Na última sexta-feira (23), representantes do MPF e da Servan se reuniram na tentativa de resolver o caso em conciliação judicial, mas, conforme a assessoria de imprensa do órgão, não foi possível fechar acordo. Amanhã está previsto nova rodada de negociações.
Enquanto isso, segundo assessoria do HU, as cirurgias serão mantidas até o fim do impasse judicial. O hospital, no entanto, não deu detalhes da como resolverá a polêmica sobre a forma de pagamento dos médicos.
Colapso – No caso de o HU decidir suspender as cerca de 350 cirurgias mensais, um colapso se instalaria no sistema de saúde do Estado. O HR (Hospital Regional) já atende com demanda 20% superior a sua capacidade e adiantou não ter como assumir os pacientes do HU. “O gestou da saúde é o município e é ele quem precisa apresentar uma alternativa”, frisou o diretor-geral do HU, Rodrigo Aquino.
Presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco também adiantou não ter condições de absorver a demanda do HU. “Provavelmente o impacto será nas eletivas. Vai parar as eletivas para atender a demanda maior das cirurgias de emergência”, disse sobre a possibilidade de o HU parar o serviço. “Esperamos que o bom senso impere”, finalizou.