"Sonho impossível", duplicação começa a virar realidade na BR-163
Nos próximos dois meses, a CCR MSVia deve concluir a duplicação de 89,2 quilômetros da BR-163 - previsto na primeira fase da concessão e que possibilita o início da cobrança do pedágio. Há menos de um ano e meio após a via ser entregue à iniciativa privada, a percepção é de que o sonho virou realidade para quem esperava por melhorias na rodovia da morte, como era chamada a 163. A duplicação foi uma luta de décadas.
A maioria das obras de duplicação está na região norte do Estado, visto o grande fluxo de caminhões que passam pelo local. A rodovia tem papel fundamental na logística de transporte de indústrias tanto do Mato Grosso do Sul, quanto do vizinho Mato Grosso. Desde março de 2014, a CCR é responsável pela manutenção de 847,2 km da BR-163, em MS.
Durante 30 anos, a rodovia será administrada pela empresa que deverá investir R$ 5,69 bilhões no trecho, duplicando 806,3 km e fazendo a manutenção de toda a 163. Para garantir a viabilidade econômica, a empresa já construiu nove praças de pedágio e ao longo da concessão deve arrecadar R$ 18,8 bilhões.
Boa parte da duplicação e as praças de pedágio já estão prontas, trazendo esperança para quem sempre desejou mais segurança e menos mortes na rodovia. O presidente da grupo de transportadoras São Gabriel, Edegar Polippo, afirma que as obras na 163 trazem otimismo tanto para os empresários quanto aos caminhoneiros.
"Já melhorou muito, hoje em dia a gente viaja com mais segurança. Vai encarecer um pouco, mas vale a pena para quem passa por ela todo dia", conta o presidente da associação do município de São Gabriel do Oeste. No trecho de 140 km até Capital, foram construídos dois pedágios e a duplicação está quase concluída.
Pela regra do leilão, a cobrança de pedágio em toda a extensão da rodovia só pode começar depois de concluídos 10% das obras de duplicação (80,6 quilômetros). A obra que já foi dada como impossível há anos atrás, hoje ganha forma e é sinal de esperança. O advogado Fábio Trad lembra que quando foi presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) em 2008, até lançou uma campanha pela duplicação.
"A OAB junto com outras entidades, lançamos na época, uma campanha para a duplicação da 163, com o objetivo de reduzir os acidentes. Mas, era outro contexto político, de investimentos do Governo Federal, achávamos que era muito difícil", lembra. Hoje, ele se diz entusisasmado com as obras, mas receoso. "Vamos aguardar a finalização da obra, tudo anda muito instável".
Porém, afirma que os benefícios da duplicação vão além da redução no número de acidentes e mortes. "Nossa luta, além da violência, tem a ver com a estrutura econômica. Por essa BR passa um grande fluxo de riqueza agrícola e as melhorias vão incrementar a receita do Estado, vez que vai dar oportunidade para escoar a produção de forma mais eficiente".