Após prisão de vereadores, Câmara adota nova forma de licitação
Alan Guedes, atual presidente do Legislativo de Dourados, diz que pregões ampliam transparência na contratação de serviços
Sacudida pela quarta vez em uma década por escândalos de corrupção com a prisão de três vereadores, um ex-vereador e dois ex-servidores, em dezembro de 2018, a Câmara de Dourados, a 233 km de Campo Grande, vai adotar mecanismos mais transparentes para contratar fornecedores.
De acordo com o atual presidente Alan Guedes (DEM), o objetivo é dar lisura aos negócios que a Câmara faz com empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de materiais e melhorar o gasto do dinheiro público.
Pela primeira vez na história, a Câmara da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul vai adotar a modalidade de pregão presencial nos processos de licitação. Dois editais, dos tipos “maior percentual de desconto” e “menor valor global”, estão em andamento e as propostas serão recebidas na terça-feira (30), no Departamento de Licitação da Casa.
O edital de “maior desconto” é para compra de passagens aéreas e o “menor valor global” para fornecimento de coffee break para atender sessões e audiências públicas.
Conforme a Câmara, o “pregão” é uma modalidade licitatória que proporciona ao interessado na prestação do serviço acompanhar as etapas em tempo real pela internet. Antes a Câmara contratava fornecedores por carta-convite e tomada de preços.
“Na carta-convite e tomada de preços, o fornecedor interessado traz o preço fechado. Se for o menor, é o que a Câmara contrata. No pregão, o interessado pode apresentar preço menor na própria sessão. Um tem o serviço por R$ 1.000, o outro por R$ 950. O que tem por R$ 1 mil pode apresentar por R$ 940. É um leilão para baixo”, explicou Alan Guedes ao Campo Grande News.
Segundo ele, os pregões abrem oportunidades de competitividade entre os prestadores de serviço, com redução dos trâmites burocráticos, celeridade no processo e principalmente menor custo.
Nova fase – O democrata foi eleito em dezembro do ano passado logo após a Operação Cifra Negra, que levou para a cadeia o ex-presidente da Câmara Idenor Machado (PSDB), o então candidato a presidente Pedro Pepa (DEM) e o vereador Cirilo Ramão (MDB), então candidato a primeiro-secretário na chapa de Pepa.
E foi justamente por fraude em licitações fraudulentas que Idenor, Pepa e Cirilo foram parar na cadeia. Segundo o Ministério Público, empresas de tecnologia foram contratadas pela Câmara a preços superfaturados através de licitações fraudulentas. Os vereadores “fechavam os olhos” em troca de propina mensal, segundo a denúncia.
Para Alan Guedes, em tempos de contenção os órgãos públicos precisam buscar equilíbrio financeiro e fazer bom uso do dinheiro do cidadão. “Queremos disponibilizar mais serviços públicos, com menor custo e transparência”, prometeu.