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Interior

Até placa do Ministério da Justiça é colocada em área invadida por índios

Ocupações iniciadas em março aumentaram e já chegaram a propriedades do outro lado da reserva indígena de Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 20/04/2016 13:45
Placa instalada em ocupação; terra indígena mesmo sem demarcação (Foto: Eliel Oliveira)
Placa instalada em ocupação; terra indígena mesmo sem demarcação (Foto: Eliel Oliveira)
Barracos montados em sítios próximos ao anel viário em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Barracos montados em sítios próximos ao anel viário em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)

Os índios que desde março ocupam propriedades rurais nos arredores do perímetro urbano de Dourados, a 233 km de Campo Grande, continuam ampliando as invasões. O Campo Grande News apurou que agora os guarani-kaiowá estão montando barracos em sítios às margens do trecho do anel viário entre a MS-156 e a BR-163. Até agora apenas propriedades do lado oeste da reserva indígena tinham sido ocupadas.

Nesse novo ponto de invasões, o primeiro sítio ocupado pertence a um agricultor de origem japonesa que produz hortifrutigranjeiros. Nesta semana, barracos foram montados em sítios vizinhos.

Em um deles até uma placa informando se tratar de terra indígena foi instalada. A placa, com sinais de ter sido confeccionada recentemente, é semelhante à usada em outros territórios indígenas, já demarcados e homologados. Nessa região de Dourados, no entanto, não há informações sobre área demarcada para os índios.

“Governo federal – Ministério da Justiça – Fundação Nacional do Índio – TERRA PROTEGIDA – Terra indígena com acesso interditado a pessoas estranhas”, informa a placa, amarrada em galhos.

Nesse sítio onde está a placa e nos outros em que foram montados barracos, cercas foram derrubadas e o pasto foi queimado. Os moradores atribuem os estragos aos índios.

Uma mulher indígena que estava ontem à tarde limpado os arredores do barrado disse que a terra é dos índios. “Como podem ver, está escrito aqui na placa que a terra é indígena”, disse ela. Além dela, quatro crianças e uma adolescente foram vistas no barraco.

Demora – Vanilda Valintin, dona de um dos sítios ocupados em março em outra parte do município e que se tornou uma espécie de porta-voz dos sitiantes, disse que os proprietários estão revoltados com a lentidão para cumprimento da liminar de reintegração de posse expedida no dia 8 deste mês pelo juiz da 2ª Vara Federal no município, Janio Roberto dos Santos.

“Não conseguimos aceitar que uma decisão judicial demore tanto para ser cumprida por envolver índios. Se fosse contra um de nós seria cumprida no mesmo dia”, afirmou a sitiante ao Campo Grande News. Vanilda está há quase 50 dias fora de sua casa, depois que deixou o sítio durante a madrugada do dia 5 de março, durante a invasão dos índios.

A liminar do juiz federal foi concedida ao proprietário Derli Vieira da Rocha em ação impetrada pelo advogado João Waimer Moreira Filho, mas vale para todas as propriedades ocupadas.

As ocupações dos sítios próximos ao perímetro urbano de Dourados começaram no dia 5 de março. Vindos de aldeias da região de Amambai e Caarapó, eles montaram barracos próximos às casas e muitos moradores abandonaram os locais. De acordo com a Funai, a área é reivindicada desde 1970 e estudos antropológicos já foram iniciados, para identificar as terras como de ocupação tradicional indígena.

Conforme a Funai, os estudos das áreas reivindicadas no entorno do município de Dourados fazem parte do Plano Plurianual 2016-2019, determinado pela Justiça Federal.

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