Atleta e jovem, aos 32 anos, Sandra não foi poupada pela covid-19
Sandra trabalhava em frigorífico e apresentou os primeiros sintomas depois de retornar ao serviço, em 1º de julho, após as férias
Aos 32 anos de idade e sem nenhuma doença prévia, Sandra Goularte da Silva passou 12 dias internada para tratar de covid-19, mas não resistiu. Ser praticante de atividades físicas e jovem não impediu que a doença se complicasse e ela acabou falecendo no dia 21 de julho, em Dourados.
Moradora de Iguatemi, Sandra deixou o marido, com quem ficou 12 anos casada, e um filho de 11 anos. Para o companheiro dela, descobrir a doença não foi um choque tão grande quanto ver que a esposa sucumbiu à covid mesmo sendo tão jovem e sem histórico que justifique o agravamento.
Ivo Santana, 40 anos, é servidor público municipal em Iguatemi e conta que a esposa deve ter sido contaminada no frigorífico em que trabalhava. Segundo ele, Sandra esteve de férias em junho e voltou a trabalhar em 1º de julho. No dia 6 apresentou alguns sintomas, mas não queria ir ao médico.
Vencida pela insistência do marido e pelo agravamento do quadro, ela procurou o hospital da cidade em 9 de julho e já ficou internada. De lá, foi transferida para o Hospital da Vida, em Dourados, onde faleceu.
“Ela era atleta, corria, jogava futebol, nunca teve problema de saúde. Eu acredito que foi uma fatalidade e o médico disse que as plaquetas dela estavam muito altas, acima do normal e ele queria entender o que aconteceu com o sangue dela, mas não deu tempo”, contou Ivo.
Vale ressaltar que nos casos do novo coronavírus, segundo análises já realizadas, verificou-se que a doença tende a aumentar o processo de coagulação do sangue, e nesse sentido, o aumento das plaquetas explica-se de alguma forma, já que são elas as responsáveis por fazer a coagulação. Plaquetas baixas indicam risco de hemorragia, já altas, de tromboses.
Além das plaquetas altas, o pulmão também foi bastante afetado pela covid-19, e Sandra desenvolveu uma embolia pulmonar, que é causada pela obstrução das artérias dos pulmões por coágulos de sangue. “Depois disso ela teve três paradas cardíacas”, contou Ivo.
Ele lembra que desde que a esposa ficou internada, tanto em Iguatemi quanto em Dourados, os dois se falavam todos os dias por videochamada e a esposa, apesar da falta de ar e dificuldade de respirar, sempre conversou normalmente. Sandra aparentava força e dizia a todo tempo que logo estaria em casa, diz ele, e seu quadro era considerado estável.
“Ela estava ótima, doida pra vir pra casa. Estava muito esperançosa, falava todo tempo que estava bem, melhorando e que queria ir pra casa. Sempre mostrou confiança que ia se curar. Ela faleceu terça de manhã e eu falei com ela na segunda à tarde e ela falava que estava melhorando. Foi uma fatalidade, não tinha como prever”, lamentou o marido.
Sandra ficou internada em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) durante três dias, mas não precisou ser entubada, apenas recebia oxigênio.
Para Ivo, a situação toda é muito triste, principalmente para o filho, que sente muito a falta da mãe. “Nossa família é unida. Um dá força pro outro”, disse, ressaltando que a esposa era “pessoa de bom coração, que tentava ajudar a todos. Uma verdadeira companheira”.
Ivo e os dois filhos - um deles apenas filho biológico do pai -, não apresentaram sintomas. Eles foram testados para a doença, mas ficaram em isolamento. Ivo diz não ter mágoas, nem da prefeitura nem do frigorífico, que segundo ele deram todo apoio que era necessário.
"Deus levou a minha companheira, esposa, amiga, mãe dedicada, mulher guerreira, cheia de sonhos pela frente, vai com Deus e descanse em paz meu amor", disse ele, em despedida, nas redes sociais.