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Interior

Em meio a denúncias, polícia investiga morte de criança que caiu de pé de manga

Juan Jorge sofreu parada cardiorrespiratória depois de cair de um pé de manga e bater a cabeça

Geisy Garnes | 04/01/2022 10:08
Mesmo após ser levado para o hospital, Juan passou mal e não resistiu. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mesmo após ser levado para o hospital, Juan passou mal e não resistiu. (Foto: Arquivo Pessoal)

A Polícia Civil de Dois Irmão do Buriti – cidade a 116 quilômetros de Campo Grande – investiga a morte de um menino de 8 anos, que supostamente sofreu uma parada cardiorrespiratória após cair de um pé de manga. De um lado, a família de Juan Jorge da Silva Carvalho afirma que houve negligência médica no atendimento realizado no Hospital Municipal Cristo Rei. Do outro, a direção da unidade acusa a mãe de omissão de socorro à criança.

Segundo os relatos, Juan caiu do pé de manga no último dia do ano passado. Ele brincava com os primos e foi um deles que correu para avisar aos adultos o que havia acontecido. Quando o menino foi socorrido pela família, estava consciente, mas a violência da pancada fez com que defecasse na roupa, por conta disso, foi levado para o hospital.

Juan esperou atendimento com os pais, depois foi encaminhado para um dos quartos. Sem qualquer auxílio, a mãe e o pai do menino deram banho no filho na unidade e o colocaram na maca para esperar pelo médico.

“Quando chegou no quarto, perguntou o que tinha acontecido. Eu e o pai falamos que ele tinha caído de um pé de manga e que tinha batido a cabeça. Ele examinou e falou que não era nada, que ele ia ficar em observação por umas horas. Não deu nenhum tipo de medicamento, nenhum”, conta a mãe de Juan, Elisangela dos Santos Carvalho, de 36 anos.

Elisangela ficou sozinha com o filho depois da consulta, até uma enfermeira pedir para ela mudar quarto. “Meu menino estava desesperado, pedindo para ir embora, aí a enfermeira falou se eu quisesse ir embora para casa por conta própria, eu podia ir”. Segundo a versão da mãe, a mesma profissional explicou que ela não precisava assinar qualquer termo de responsabilidade por sair do hospital e que o médico não havia receitado remédios, estava apenas “segurando” ela.

“Ela falou que se fosse ela, não ficaria. Meu menino já estava querendo ir embora, quando ela falou isso, ele só ficou chamando para ir, aí eu fui embora com ele”. Juan voltou para casa com os pais e dormiu normalmente naquela noite, mas no dia seguinte, não acordou. “Pegamos ele e levamos rapidamente no hospital”.

De volta ao hospital, Juan foi direto para a sala de emergência. Foram 40 minutos de agonia para Elisangela, até uma enfermeira chamar para conversar com o médico. O plantonista então explicou que tentou reanimar o menino, que ele havia sofrido uma parada cardiorrespiratória, mas não conseguiu salvá-lo.

“O médico falou que ele fez de tudo, aí eu saí do quarto gritando desesperada”. Elisangela conta que em momento nenhum explicaram o que poderia ter causado a morte do filho, se foi consequência da queda ou não, que a criança não foi medicada ou submetida a qualquer exame. Diante disso, procuraram a polícia da cidade e denunciaram a equipe médica responsável pelo primeiro atendimento por negligência.

Enquanto isso, um boletim de ocorrência contra a família de Juan foi registrado pela diretora do Hospital Municipal Cristo Rei. Para a polícia, ela afirmou que a mãe levou a criança até a unidade no dia 31 de dezembro e contou que ela havia caído do pé de manga.

Segundo a diretora, o médico plantonista examinou o menino e avisou que ele precisaria ficar em observação e possivelmente seria transferido para outra cidade. Neste momento, a mãe teria se recusado a deixar o filho na unidade e fugiu com ele sem ao menos medicá-lo. No dia 2 de janeiro, ela retornou ao hospital com a criança morta.

Ainda conforme o registro feito pela diretora, a equipe de plantão tentou reanimar o menino, mas não tiveram sucesso.

Investigação – Com os dois boletins de ocorrência registrados, a Delegacia de Polícia Civil da cidade começa a investigar a morte de Juan. Nos próximos dias, testemunhas devem ser ouvidas sobre o caso, tanto a família quanto as equipes do hospital.

Além disso, a Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul também acompanha o caso, a pedido da família de Juan. Ao Campo Grande News, o presidente Valdemar Moraes de Souza explicou que agora serão recolhidos todos os documentos para constatar qual das versões é a que de fato aconteceu.

O que não pode se negar, explica, é a falta de estrutura da unidade de Dois Irmãos do Buriti. “Tudo tem que ser apurado, se o médico que atende era especialista, que foi ou não feito do Raio-x, se tinha pedido de vaga para outra unidade e que horas, tudo tem que estar documentado”.

Segundo Valdemar, o corpo do menino já estava sendo preparado para o velório quando o hospital pediu o exame de necropsia. “Aí, voltaram o corpo dele para o hospital e o levaram para Aquidauana, onde o exame é feito”. Só com isso será possível identificar a causa da morte de Juan.

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