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Empresas investigadas transferiam dinheiro para pai de ex-secretário de Obras

Para investigação, valores são indicativos do pagamento de propina para Isaac Bisneto

Por Aline dos Santos | 15/08/2024 11:02
Policial durante operação do Gaeco em Terenos, a 31 km de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Policial durante operação do Gaeco em Terenos, a 31 km de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

A operação Velatus, que investiga contratos da Prefeitura de Terenos, mostra que empresas transferiram dinheiro para o pai do então titular da Secretaria de Obras e Infraestrutura, Isaac Cardoso Bisneto. Conforme a defesa, ele deixou o cargo em 1º de agosto, portanto 12 dias antes da ofensiva contra as suspeitas de corrupção.

De acordo com a investigação, Cleberson José Chavoni Silva, proprietário da Bonanza Comércio e Serviços Eireli, transferiu R$ 21 mil para Isaac Cardoso Neto (pai do então secretário). Outras duas transferências, no valor de R$ 1 mil cada, foram realizadas por Sandro Bortoloto e a sua empresa: Angico Construtora e Prestadora de Serviços Ltda.

“E a relação dos empresários proprietários de empresas prestadoras de serviços de engenharia atuantes no município do agente público Isaac Cardoso Bisneto, ocupante do cargo de secretário de Obras, com quem mantinham essa íntima relação, não se limita a conversas de WhatsApp, o que por si só já levanta natural suspeita, mas de transferências de significativos valores para o pai do agente público, a pessoa de Isaac Cardoso Neto, indicativo do pagamento de propina àquele por intermédio de seu genitor”, informa o documento.

Transferência de empresas para pai do então secretário de Obras de Terenos. (Foto: Reprodução)
Transferência de empresas para pai do então secretário de Obras de Terenos. (Foto: Reprodução)

O relatório prossegue: “Como exemplo, nos arquivos de dados telemáticos de Cleberson Silva, foi encontrado um extrato bancário onde consta uma transferência no valor de R$ 21.000,00 para Isaac Cardoso Neto; e outra duas de R$ 1.000,00 cada provenientes de Sandro Bortoloto e de sua empresa, a Angico”.

As transferências também são citadas pelo juiz Luciano Pedro Beladelli, atuando em substituição legal na Vara Única de Terenos, que autorizou a operação e decretou a preventiva de Isaac Bisneto.

“Verifica-se indícios que o secretário de Obras do município de Terenos, Isaac Cardoso Bisneto, teria aderido à conduta dos empresários investigados e passado a praticar atos de ofício mediante recebimentos de vantagens indevidas em nome de seu pai Isaac Cardoso Neto. (...) Ademais, o nome de Isaac "pai" aparece em planilha da empresa Bonanza Comércio e Serviços com indicação do valor de R$ 21.000,00 (vinte e um mil reais)”.

Habeas corpus – A defesa de Isaac Bisneto ingressou com pedido de liberdade no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Dentre as justificativas, são citados que os fatos investigados são de 2021 e 2022, portanto sem contemporaneidade, e que o alvo não é mais  secretário de Obras.

"Se esse fato era verdadeiro quando da formulação da representação, datada de 12 de julho de 2024, assim como quando prolatada a decisão que deferiu a prisão preventiva, em 23 de julho de 2024, tem-se que fato superveniente esvaziou o receio de reiteração da conduta criminosa e eventual interferência do paciente no desaparecimento de provas, eis que antes de deflagrada a Operação Velatus, o paciente havia sido exonerado do cargo público, desde o dia 1º de agosto de 2024".

Farra das empresas – A primeira licitação investigada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) escancarou que as empresas envolvidas na “farra das convidadas” não se importavam em fingir concorrência.

No ano de 2022, as empreiteiras alvo da Velatus chegaram a apresentar orçamentos exatamente iguais – até nos centavos – em propostas para a reforma de postos de saúde em Terenos.

As participantes do certame foram a D’Aço Construção e Logística, empresa que pertence ao ex-chefe de gabinete em Terenos, Tiago Lopes de Oliveira; Bonanza Comércio e Serviços Eireli, de propriedade de Cleberson José Chavoni Silva; HG Empreiteira, de propriedade de Hander Luiz Corrêa Grote Chaves; e a Base Construtora e Logística, de Genilton da Silva Moreira.

Sindicância - Sobre a investigação, a Prefeitura de Terenos aponta que abrirá sindicâncias para apurar possíveis irregularidades nos contratos e o suposto envolvimento de servidores públicos, além de se colocar à disposição dos órgãos competentes para auxiliar, no que for necessário, as investigações.

“Cabe esclarecer que a administração de Terenos preza pela lisura em todas as suas ações e que os contratos firmados até agora foram aprovados pelos órgãos de fiscalização estaduais”.

Nesta quinta-feira (dia 15),  o portal da Prefeitura de Terenos foi atualizado e informa que a secretaria de Obras é comandada por Katiane de Lima Franco.  A reportagem não conseguiu contato, por meio dos telefones disponíveis na internet, com as empresas citadas.

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