Estudo recomenda lockdown por 14 dias em Dourados
Relatório foi feito por pesquisadores da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e de outras três universidades do país
Um novo relatório feito por pesquisadores da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e de outras três universidades do país recomenda que Dourados adote o lockdown, diante do número crescente de infectados na cidade.
Em Dourados a taxa de contaminações é de 2.567 por 100 mil. A segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul segue recordista em mortes, são 47. Até esta sexta-feira (10) há 3.280 pessoas infectadas com a doença no município.
De acordo com o relatório técnico de alerta COVID-19, Dourados alcança os maiores indicadores de morbimortalidade, que é a soma de indicadores compostos de morbidade, mortalidade e de aumento da taxa de incidência de covid-19. A cidade atinge o índice 5,21 de gravidade.
Ainda segundo o relatório, que foi feito a pedido da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, o fechamento total da cidade deveria ser adotada por pelo menos 14 dias “associada a todas as demais medidas de prevenção, podendo ser reavaliada sua eficácia, o cumprimento do mesmo por parte da população, a respectiva fiscalização e o comportamento da curva de contaminação e de número de óbitos, bem como todos os indicadores e taxas aqui apresentados”.
O documento enfatiza a necessidade de severas medidas de prevenção também nas 11 cidade que compõem a microrregião de saúde de Dourados.
O trabalho foi realizado por especialistas da UFOB (Universidade Federal do Oeste da Bahia), UFBA (Universidade Federal da Bahia) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e apresentados pelos pesquisadores em videoconferência à Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, nesta quinta-feira (09).
A equipe de pesquisadores é o mesmo que apresentou o estudo sobre a possibilidade de as mortes dobrarem em duas semanas na cidade. Contudo, o índice dobrou antes do estimados pelos especialistas.
“Construímos os níveis de alerta para orientar a tomada de decisão dos gestores com o objetivo de adotar medidas e procedimentos básicos de prevenção de agravos à saúde, colapso do SUS e sua rede complementar e redução de mortes evitáveis”, explicou Adeir Archanjo da Mota, doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista e professor da UFGD, líder do Grupo de Pesquisa Saúde, Espaço e Fronteira(s), dedicado a estudos da Geografia da Saúde.
Modesta - A curva de contaminação da cidade de Dourados tem mostrado que as medidas adotadas pelas autoridades sanitárias do município, bem como a efetiva fiscalização do cumprimento dessas medidas, são, até então, modestas e não têm apresentado resultado proporcional para a contenção da doença.
A análise científica realizada evidenciou que Dourados concentra todos os indicadores considerados na pesquisa no nível mais elevado de classificação. Além disso, o alerta mostra que a microrregião de saúde de Dourados e o município de Maracaju também apresentam, conforme se observou no documento, situação crítica e, pelos fortes níveis de interações espaciais com a capital da região sul do estado, Dourados agrava ainda mais a situação de contenção da doença.
Para todos os municípios que compõem a microrregião de Dourados e para Maracaju, o grupo sugere a implementação de barreiras sanitárias em todos os acessos às respectivas cidades para restringir a circulação do novo coronavírus entre os municípios.
“Só tiveram êxito na contenção da doença as cidades e os países que, ao alcançarem determinados níveis, decretaram lockdown. No curto prazo, compreendemos que a medida de lockdown pode soar como uma medida impactante para alguns. Mas a medida recomendada tende a preservar vidas, o sistema de saúde, bem como refletir positivamente na retomada da economia a médio e longo prazo”, esclareceu Archanjo da Mota.