Hospital da família Uemura e envolvido em escândalo pode ser reativado
O Santa Rosa, um dos dois hospitais que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) quer reabrir em Dourados, a 233 km de Campo Grande, já funcionou como maternidade pública e pertence à família Uemura, envolvida na Operação Owari, da Polícia Federal, que em junho de 2009 levou políticos e empresários da cidade para a cadeia.
Reinaldo não citou o nome dos hospitais, mas o Campo Grande News apurou que os únicos fechados na cidade são o Santa Rosa e o extinto São Luiz, que pertencia ao deputado estadual George Takimoto (PDT).
Sizuo Uemura, patriarca da família, seu filho e sucessor nos negócios Eduardo Uemura e outros integrantes da família chegaram a ser presos juntamente com outros empresários e políticos de Dourados, Ponta Porã e Naviraí, acusados de crimes de fraude em licitações.
O Hospital Santa Rosa esteve no epicentro do escândalo, ocorrido no primeiro ano da administração do então prefeito Ari Artuzi (morto em 2013), que atingiu também ex-integrantes da administração anterior, quando o prefeito era o deputado estadual Laerte Tetila (PT). O petista chegou a ter os bens indisponíveis pela Justiça.
Conforme as denúncias do Ministério Público, o hospital foi arrendado de forma fraudulenta pela prefeitura, quando o município era administrado por Laerte Tetila, para funcionar como maternidade. Quando Artuzi assumiu a prefeitura, em janeiro de 2009, as irregularidades continuaram, segundo o MP.
Na época a Justiça decretou a indisponibilidade de todos os bens dos acusados, incluindo o Santa Rosa, localizado na Rua João Vicente Ferreira, numa região nobre de Dourados.
Em 2011, como reflexo da Operação Owari, a prefeitura teve de romper o contrato com o Hospital Santa Rosa e transferir a maternidade pública para o HU (Hospital Universitário), onde funciona até hoje. Atualmente o prédio está fechado, mas recebeu pintura nova recentemente.
As ações penais contra as pessoas presas e indiciadas nessa operação e na Operação Brothers, realizada simultaneamente à Owari, estão travadas no Poder Judiciário. Em 2013, o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) considerou as escutas telefônicas ilegais, o que obrigou o Ministério Público a refazer a denúncia contra os envolvidos.
Projeto do governador – Em novembro, na primeira visita que fez a Dourados após ser eleito, Reinaldo Azambuja disse em entrevista coletiva que tinha a intenção de colocar para funcionar dois hospitais fechados na cidade e utilizar as unidades principalmente para fazer cirurgias eletivas e exames, cujos pedidos se arrastam há anos na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Nesta semana o tucano anunciou que mandou paralisar a construção do Hospital Regional, lançada em 2013 e iniciada “no apagar das luzes” do governo de André Puccinelli. Segundo Reinaldo, a prioridade agora é garantir atendimento de saúde às pessoas.
“Eu tinha pedido para o André não dar ordem de serviço, porém ele resolveu dar a ordem em Dourados. A primeira etapa tem o custo de R$ 21 milhões, foram empenhados R$ 19 milhões, porém cancelaram o empenho depois. Esses dois hospitais que já estão prontos em vão gerar mais de 100 leitos, mesma situação em Três lagoas com o término da enfermaria do Hospital Auxiliadora. Por esses motivos eu paralisei as duas obras”, afirmou o governador na manhã de ontem.
Prefeitura desconhece – O secretário de Saúde de Dourados, Sebastião Nogueira, disse ao Campo Grande News que a prefeitura não participa nem tem conhecimento sobre eventual projeto do governo do Estado para reabrir o Santa Rosa.
“Nossa intenção é alugar o prédio onde funcionou o Hospital São Luiz e depois uma clínica, que também fechou, e instalar no local um centro de cirurgias eletivas e exames. Já passamos essa posição ao governador. Em Dourados existem dois prédios de hospitais fechados, mas o do antigo Santa Rosa não está em nossos planos. Se estiver nos planos do governo eu não sei”, afirmou Sebastião Nogueira.
O prédio do antigo São Luiz, localizado na Avenida Weimar Gonçalves Torres com Avenida Coronel Ponciano, pertence aos herdeiros de um empresário da cidade e atualmente está alugado para a clínica Neoclin, que fechou e vai devolver o imóvel. Takimoto era sócio junto com outros médicos do Hospital São Luiz, fechado há vários anos.
O secretário estadual de Saúde Nelson Tavares foi procurado nesta manhã para falar sobre os planos de reabrir os hospitais em Dourados, mas não atendeu à ligação em seu celular e também não respondeu ao pedido de informação enviado através do “Wattsapp”.
A assessoria de comunicação do governo do Estado também foi procurada e ficou de retornar a ligação com mais informações, o que não ocorreu até às 10h.