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Interior

Hospital da família Uemura e envolvido em escândalo pode ser reativado

Helio de Freitas, de Dourados | 08/01/2015 10:06
Santa Rosa foi fechado depois que maternidade pública foi transferida para o Hospital Universitário (Foto: Eliel Oliveira)
Santa Rosa foi fechado depois que maternidade pública foi transferida para o Hospital Universitário (Foto: Eliel Oliveira)

O Santa Rosa, um dos dois hospitais que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) quer reabrir em Dourados, a 233 km de Campo Grande, já funcionou como maternidade pública e pertence à família Uemura, envolvida na Operação Owari, da Polícia Federal, que em junho de 2009 levou políticos e empresários da cidade para a cadeia.

Reinaldo não citou o nome dos hospitais, mas o Campo Grande News apurou que os únicos fechados na cidade são o Santa Rosa e o extinto São Luiz, que pertencia ao deputado estadual George Takimoto (PDT).

Sizuo Uemura, patriarca da família, seu filho e sucessor nos negócios Eduardo Uemura e outros integrantes da família chegaram a ser presos juntamente com outros empresários e políticos de Dourados, Ponta Porã e Naviraí, acusados de crimes de fraude em licitações.

O Hospital Santa Rosa esteve no epicentro do escândalo, ocorrido no primeiro ano da administração do então prefeito Ari Artuzi (morto em 2013), que atingiu também ex-integrantes da administração anterior, quando o prefeito era o deputado estadual Laerte Tetila (PT). O petista chegou a ter os bens indisponíveis pela Justiça.

Conforme as denúncias do Ministério Público, o hospital foi arrendado de forma fraudulenta pela prefeitura, quando o município era administrado por Laerte Tetila, para funcionar como maternidade. Quando Artuzi assumiu a prefeitura, em janeiro de 2009, as irregularidades continuaram, segundo o MP.

Na época a Justiça decretou a indisponibilidade de todos os bens dos acusados, incluindo o Santa Rosa, localizado na Rua João Vicente Ferreira, numa região nobre de Dourados.

Em 2011, como reflexo da Operação Owari, a prefeitura teve de romper o contrato com o Hospital Santa Rosa e transferir a maternidade pública para o HU (Hospital Universitário), onde funciona até hoje. Atualmente o prédio está fechado, mas recebeu pintura nova recentemente.

As ações penais contra as pessoas presas e indiciadas nessa operação e na Operação Brothers, realizada simultaneamente à Owari, estão travadas no Poder Judiciário. Em 2013, o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) considerou as escutas telefônicas ilegais, o que obrigou o Ministério Público a refazer a denúncia contra os envolvidos.

Projeto do governador – Em novembro, na primeira visita que fez a Dourados após ser eleito, Reinaldo Azambuja disse em entrevista coletiva que tinha a intenção de colocar para funcionar dois hospitais fechados na cidade e utilizar as unidades principalmente para fazer cirurgias eletivas e exames, cujos pedidos se arrastam há anos na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

Nesta semana o tucano anunciou que mandou paralisar a construção do Hospital Regional, lançada em 2013 e iniciada “no apagar das luzes” do governo de André Puccinelli. Segundo Reinaldo, a prioridade agora é garantir atendimento de saúde às pessoas.

“Eu tinha pedido para o André não dar ordem de serviço, porém ele resolveu dar a ordem em Dourados. A primeira etapa tem o custo de R$ 21 milhões, foram empenhados R$ 19 milhões, porém cancelaram o empenho depois. Esses dois hospitais que já estão prontos em vão gerar mais de 100 leitos, mesma situação em Três lagoas com o término da enfermaria do Hospital Auxiliadora. Por esses motivos eu paralisei as duas obras”, afirmou o governador na manhã de ontem.

Prefeitura desconhece – O secretário de Saúde de Dourados, Sebastião Nogueira, disse ao Campo Grande News que a prefeitura não participa nem tem conhecimento sobre eventual projeto do governo do Estado para reabrir o Santa Rosa.

“Nossa intenção é alugar o prédio onde funcionou o Hospital São Luiz e depois uma clínica, que também fechou, e instalar no local um centro de cirurgias eletivas e exames. Já passamos essa posição ao governador. Em Dourados existem dois prédios de hospitais fechados, mas o do antigo Santa Rosa não está em nossos planos. Se estiver nos planos do governo eu não sei”, afirmou Sebastião Nogueira.

O prédio do antigo São Luiz, localizado na Avenida Weimar Gonçalves Torres com Avenida Coronel Ponciano, pertence aos herdeiros de um empresário da cidade e atualmente está alugado para a clínica Neoclin, que fechou e vai devolver o imóvel. Takimoto era sócio junto com outros médicos do Hospital São Luiz, fechado há vários anos.

O secretário estadual de Saúde Nelson Tavares foi procurado nesta manhã para falar sobre os planos de reabrir os hospitais em Dourados, mas não atendeu à ligação em seu celular e também não respondeu ao pedido de informação enviado através do “Wattsapp”.

A assessoria de comunicação do governo do Estado também foi procurada e ficou de retornar a ligação com mais informações, o que não ocorreu até às 10h.

Prédio onde funcionava Hospital São Luiz e mais recentemente uma clínica particular é outro que deve ser reaberto para cirurgias e exames em Dourados (Foto: Divulgação)
Prédio onde funcionava Hospital São Luiz e mais recentemente uma clínica particular é outro que deve ser reaberto para cirurgias e exames em Dourados (Foto: Divulgação)
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