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Interior

Índios acusam governo de ‘genocídio psicológico’ por despejo em Dourados

No Facebook, campanha “Povo Guarani” afirma que reintegração cumprida hoje ocorre cinco dias após Funai montar grupo para identificar área reivindicada pelos índios

Helio de Freitas, de Dourados | 06/07/2016 14:41
Cacique Damiana e crianças despejadas hoje em Dourados (Foto: Reprodução/Facebook)
Cacique Damiana e crianças despejadas hoje em Dourados (Foto: Reprodução/Facebook)

“A mão dura do governo interino de Temer despeja a cacique Damiana do Apyka'i” é o título da publicação feita nesta quarta-feira (6) na rede social Facebook pela campanha “Povo Guarani”, que defende os povos indígenas de Mato Grosso do Sul.

Damiana é a principal liderança do grupo de índios retirado hoje pela Polícia Federal da fazenda Serrana, na região do Curral de Arame, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Os índios foram retirados da área por determinação da Justiça Federal e permanecem na beira da estrada.

Segundo a entidade de defesa dos guaranis, o despejo ocorre cinco dias após a Funai constituir o grupo técnico para identificar e delimitar a área indígena. A portaria, assinada pelo presidente da Funai, Artur Nobre Mendes, foi publicada no dia 1º deste mês no Diário Oficial da União.

“Agentes federais sem a presença da Funai desrespeitam os direitos humanos de crianças no calvário da mulher guarani-kaiowá mais vulnerável do Mato Grosso do Sul”, afirma a publicação.

Segundo o grupo, a ação desta quarta mais um massacre, desta vez psicológico, “do governo que se alinha com fundamentalistas religiosos, anti-indígenas e ruralistas e quer colocar um general do Exército para presidir a Funai”.

A campanha lembra que inúmeras liminares de reintegração foram expedidas anteriormente e derrubadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas hoje o despejo foi colocado em prática.

Os índios lutam pela demarcação há pelo menos 12 anos e desde 2013 ocupavam a fazenda, arrendada pela usina São Fernando para plantio de cana. A São Fernando pertence ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula e réu na Operação Lava Jato.

“A cacique está voltando para a beira de uma rodovia, hoje, mas se Temer e aliados pensam que intimidam líderes, está equivocado. Somos Nação Guarani! Não vamos ficar em silêncio! O Brasil tem que devolver nossas terras", avisou por mensagem na rede social uma liderança do Conselho Aty Guasu.

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