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Interior

Índios bloqueiam rodovia pelo 3º dia seguido para cobrar poços artesianos

Líder disse que interdição será feita todos os dias até início das obras, prometido para hoje; bloqueio dificulta acesso a Itaporã e Maracaju

Helio de Freitas, de Dourados | 27/07/2016 10:55
MS-156 está bloqueada por índios em Dourados (Foto: João Pires)
MS-156 está bloqueada por índios em Dourados (Foto: João Pires)
Capitão da aldeia Bororó mostra caixas abandonadas (Foto: João Pires)
Capitão da aldeia Bororó mostra caixas abandonadas (Foto: João Pires)

Pelo terceiro dia seguido a MS-156, que liga Dourados a Itaporã e Maracaju, está bloqueada por índios que reivindicam a perfuração de dois poços artesianos na reserva local.

O bloqueio começou por volta de 8h na rotatória de acesso à aldeia Jaguapiru e, assim como na segunda-feira e ontem, será mantido durante todo o dia. A estrada deve ser liberada às 17h.

O vice-capitão da aldeia Jaguapiru, Sílvio de Leão, disse ao Campo Grande News que o protesto vai continuar até as máquinas chegarem à reserva para perfurar os poços.

Há vários meses os índios da Jaguapiru e da aldeia Bororó sofrem com a falta de água. A maior parte do sistema de abastecimento da reserva está desativada por falta de manutenção. O posto de saúde da Bororó é abastecido diariamente por um caminhão-pipa para poder continuar funcionando.

“Vamos bloquear todos os dias, até o mês que vem se for preciso, mas a comunidade cansou de promessas. O protesto só acaba quando os poços forem abertos”, disse ele. Segundo Leão, a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) alterou por várias vezes a data para início do serviço.

Na segunda-feira, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) anunciou ter recebido da Sesai e da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) a garantia de que a perfuração dos poços começaria hoje. “Até agora não apareceu ninguém aqui”, disse Sílvio de Leão.

Estrutura sucateada – Na aldeia Bororó, o sistema de abastecimento de água está abandonado. Bombas e canos estão enferrujando, as casas de máquina foram depredadas e reservatórios com capacidade para cinco mil litros de água estão jogados em uma unidade de distribuição, também desativada.

O capitão da Bororó, Gaudêncio Benites, disse que os quatro poços que ainda funcionam no local são insuficientes para abastecer a rede de 87 mil metros de extensão. Além disso, faltam peças para reposição das bombas elétricas, que constantemente apresentam defeito.

Em Mato Grosso do Sul, a Sesai passa por momento de turbulência política. Nesta semana, Lindomar Ferreira foi exonerado do cargo de coordenador do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), órgão regional da secretaria, após protesto dos índios.

Edemilson Canale, que já havia colaborado com o órgão durante a gestão de Hilário da Silva, foi nomeado para o cargo. Os índios acusam Ferreira de má gestão nos seis meses em que esteve à frente do Dsei.

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