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Interior

Jornalista é perseguido na rua, agredido por homens armados e acusa PMs

Câmeras gravaram momento em que Sandro de Almeida Araújo foi dominado por 4 homens e jogado no chão

Helio de Freitas, de Dourados | 02/06/2023 12:10


O jornalista Sandro de Almeida Araújo, 46, foi perseguido na rua por dois veículos descaracterizados e sofreu violência física praticada por quatro homens na manhã desta sexta-feira (2), em Nova Andradina, a 298 km de Campo Grande. Ele registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e acusou policiais militares à paisana pelas agressões e tortura.

Imagens de câmeras de segurança às quais o Campo Grande News teve acesso mostram o momento em que o carro de Sandro é fechado por um Sandero branco e por uma caminhonete L200 branca e os quatro homens descem e vão na direção dele (veja o vídeo acima). É possível perceber que pelo menos um deles desceu do carro e colocou uma arma na cintura.

Os vídeos mostram que o jornalista tentou entrar em sua casa, mas foi impedido pelos quatro homens, arrastado até a calçada e imobilizado com golpe “mata-leão”. Sandro passou por revista corporal e os homens também revistaram o carro dele. Depois de 15 minutos de confusão, os quatro homens deixaram o local.

Perseguição - Sandro de Almeida Araújo contou na delegacia que retornava para sua casa quando percebeu que estava sendo seguido pelo Sandero placas RWE8B74 e pela L-200 placa PBU6E59, cada um ocupado por dois homens. Segundo ele, em nenhum momento os ocupantes se identificaram como policiais militares ou tinham qualquer identificação visual da polícia.

Temendo por sua vida, o jornalista se deslocou para frente de sua residência onde há câmeras de monitoramento, desceu de seu carro e tentou entrar na casa. Nesse momento, foi agarrado, agredido e impedido pelos quatro homens de entrar na residência.

As imagens mostram Sandro sendo imobilizado e jogado no chão. Ele relata que foi agredido com socos, sofreu humilhação e ficou com lesões. Sandro já passou por exame de corpo de delito.

O jornalista disse à Polícia Civil não saber o motivo de estar apanhando ou qual era a intenção dos agressores. Os quatro homens usavam roupa comum. Só depois, Sandro afirma ter tomado conhecimento que eram policiais militares lotados em Nova Andradina.

Dono do site “Jornal da Nova”, Sandro de Almeida Araújo afirma ter sofrido abuso de autoridade, já que não havia contra ele qualquer mandado de busca ou de prisão. Ainda segundo a ocorrência policial, um dos policiais militares sequer estava de plantão.

“Mesmo sem ordem judicial para busca e apreensão, os militares à paisana realizaram busca e apreensão no interior do veículo automotor da vítima”, afirma o boletim de ocorrência.

O jornalista disse que sofreu abusos físicos e psicológicos na frente dos seus filhos e em via pública. Segundo o depoimento, os militares acharam que era Sandro que estaria soltando fogos e afixando faixas na cidade para comemorar a transferência do comandante da PM em Nova Andradina, tenente-coronel José Roberto de Souza. A troca de comando ocorre nesta sexta-feira. O posto está sendo assumido pelo tenente-coronel Paulo Renato.

Tortura - Sandro afirma que negou aos policiais à paisana que fosse o responsável pelas supostas faixas e pelos fogos. Segundo ele, mesmo que fosse verdade, não seria crime, pois trata-se de liberdade de expressão e jamais poderia sofrer represálias. O jornalista ainda apontou crime de tortura por parte dos policiais à paisana para que confessasse ser o autor dos fogos e das faixas.

Ao Campo Grande News, Sandro afirmou que os quatro homens diziam que estavam “cumprindo ordens” e que aquele seria um procedimento normal. Ele se diz vítima de perseguição dos PMs.

“Há mais de três anos eu sofro perseguição da PM aqui em Nova Andradina. Toda vez que eu solto uma matéria da área de segurança pública, a Polícia Militar quer saber quem é minha fonte de informação. A PM registrou dois procedimentos na delegacia para que eu revelasse minhas fontes”, afirmou.

Segundo o jornalista, um procedimento já foi arquivado pelo Ministério Público, pois jornalista tem direito ao sigilo de fonte garantido na Constituição. “Ainda tem outro procedimento em andamento, também para que eu revele minhas fontes”.

O Campo Grande News procurou a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul sobre as denúncias e aguarda posicionamento.

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