Menonitas arrecadam alimentos para cumprir exigências de guerrilheiros
EPP deu prazo até o dia 13 deste mês para distribuição de 500 mil dólares em alimentos a comunidades pobres
Menonitas residentes no Paraguai correm contra o tempo para conseguir arrecadar meio milhão de dólares em alimentos e distribuir os donativos a 20 comunidades pobres do país vizinho. A exigência foi feita pelo EPP (Exército do Povo Paraguaio) como condição para libertar o eletricista Peter Reimer Loewen, 23.
Peter foi sequestrado segunda-feira (6), quando trabalhava no departamento (equivalente a estado) de San Pedro, mas ele mora na comunidade Rio Verde, em San Alfredo, povoado pertencente ao departamento de Concepción e a 78 km do município de Caracol (MS).
Os guerrilheiros do EPP deram prazo até o dia 13 deste mês para a família de Peter conseguir arrecadar 500 mil dólares (o equivalente a R$ 2,8 milhões) em alimentos, roupas e calçados e distribuir aos pobres de Concepción, San Pedro e Amambay. Os dois últimos ficam na fronteira com Mato Grosso do Sul.
Na carta enviada aos familiares do rapaz, o grupo terrorista também exige a distribuição dos donativos a moradores das favelas Pelopincho e Chacarita, localizadas na capital Asunción.
Os caminhões com os donativos arrecadados pelos menonitas começaram a chegar ontem à comunidade Rio Verde. Em um barracão, começaram a ser separados em kits, que serão entregues às famílias pobres. Homens, mulheres e crianças trabalham embalando os produtos.
David Reimer Arms, 49, pai do rapaz sequestrado, pediu ajuda a outras comunidades menonitas e abriu contas bancárias para receber doações e conseguir arrecadar o dinheiro necessário para comprar os alimentos e vestimentas. “O tempo é muito curto”, disse ele em entrevista à imprensa paraguaia.
Peter Reimer foi sequestrado pela célula do EPP denominada “Comandante Esteban Marín López” e formada por quatro homens e pelo menos uma mulher.
“Melhor morrer de fome” – Moradores da Chacarita, considerado bairro mais violento de Asunción, recusaram os donativos em respeito à dor dos menonitas e por não apoiarem o método extorsivo dos guerrilheiros. “Melhor morrer de fome”, afirma comunicado divulgado pelas lideranças da favela que reúne pelo menos cem famílias.
“Não vamos participar desse sofrimento e lágrimas desta família. Se aceitarmos esses donativos, vamos apoiar essa gente [EPP]”, disse Alejandro Martínez, coordenador da comunidade. Ele reconhece, no entanto, que outras famílias do mesmo bairro já manifestaram que vão aceitar os donativos.