MPF tenta impedir despejo de índios que prometem resistir
O MPF (Ministério Público Federal) pede na Justiça a permanência dos índios guarani na fazenda Cambará, no município de Iguatemi. Em setembro, a Justiça Federal de Naviraí concedeu liminar para a reintegração de posse. Em repostas, os índios divulgaram uma carta, que causou comoção, prometendo resistir até a morte.
“Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui”, afirma o documento.
O Ministério Público quer a reforma da decisão que determinou a saída dos índios ou, ao menos, a permanência até a conclusão dos estudos antropológico. O recurso tramita no TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) desde 16 de outubro e ainda não foi julgado. A justificativa é que a decisão não levou em consideração a ocupação tradicional da área em disputa.
Os indígenas ocupam 2 hectares da fazenda, que possui 762 hectares, desde novembro do ano passado. Conforme o MPF, em agosto de 2011 pistoleiros destruíram o acampamento montado às margens de uma estrada vicinal. Para chegar à fazenda, eles atravessaram um rio com dois metros de profundidade. A travessia foi feita segurando em um fio de arame.
Conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os índios já sofreram três ataques. A área em disputa é objeto de estudo antropológico desde 2008, mas ainda sem resultado.
Segundo o coordenador da Funai em Ponta Porã, Silvio Raimundo da Silva, os índios reafirmam que vão resistir e permanecerão na terra. Ele afirma que o acesso as 40 famílias, sendo 70 crianças, é difícil e que a comunicação por celular é precária. À Justiça, a fundação informou que o proprietário impede o acesso de técnicos ao acampamento, que só podem prestar assistência social, como atendimentos médicos e distribuição de cestas básicas, na estrada, do lado de fora da fazenda.