Oposição divulga carta acusando diretoria de sindicato de 'autoritarismo'
Sem comando, sindicato corre risco de fechar as portas depois que uma liminar impediu posse da presidente eleita
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Uma carta distribuída desde a semana passada nas escolas públicas de Dourados, a 233 km de Campo Grande, acirra a disputa política pelo comando do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação). O documento, assinado pela chapa 3, encabeçada pelo professor Raphael Ramos Spessoto, acusa o grupo da presidente eleita Gleice Jane Barbosa de “autoritarismo”.
Com o título “Porque a Justiça impugnou a eleição do Simted”, o documento aponta que o sindicato dos professores é comandado há 20 anos pelo mesmo grupo e acusa essa corrente de ter impedido que a eleição, realizada em novembro do ano passado, tivesse uma chapa concorrente. Spessoto não conseguiu disputar a presidência, já que sua chapa foi impugnada pelo Simted.
Em fevereiro deste ano, Spessoto conseguiu uma liminar na 4ª Vara Cível de Dourados para impedir a posse de Gleice Jane Barbosa e o sindicato está oficialmente sem comando. Na segunda-feira, Gleice disse ao Campo Grande News que a entidade, com 1.700 filiados entre professores e administrativos, pode fechar as portas na semana que vem.
“Esse comportamento autoritário é comum no movimento sindical. São grupos que entendem que somente eles possuem a verdade, que somente eles sabem o que é melhor para a categoria. No fundo, é um discurso que agrada muito aos ouvidos, mas é autoritário na condução e ineficaz nas conquistas”, afirma a carta. A chapa de Spessoto encerra o documento pedindo “eleições limpas” no Simted.
Pode parar no STJ – A disputa judicial pelo comando do sindicato pode parar no STJ (Superior Tribunal de Justiça). A juíza Daniela Vieira Tardin, da 4ª Vara Cível, que deu a liminar impedindo a posse de Gleice Jane Barbosa e sua diretoria, considerou a Justiça estadual incompetente para julgar a ação e nesta semana devolveu o caso para a Justiça do Trabalho, que no ano passado também havia se manifestado incompetente pelo fato de o sindicato representar servidores públicos.
A defesa de Spessoto entrou com recurso no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) que ainda não se manifestou, mas a tendência é que o caso pare no STJ, para que a Corte superior determine de quem é a competência para julgar a ação. Entretanto, isso pode levar meses ou até anos.
Gleice Barbosa foi procurada nesta manhã para comentar sobre a carta divulgada nas escolas, mas não retornou ao recado deixado em celular.