Paraguai retoma julgamento de bandido acusado de matar Jorge Rafaat
Juiz e promotor foram nesta quarta-feira à sede da Agrupación Especializada para começar a ouvir brasileiro Sérgio dos Santos
Foi retomado nesta quarta-feira (28), em Assunción, no Paraguai, o julgamento do bandido brasileiro Sérgio Lima dos Santos, acusado de manejar a metralhadora calibre 50 usada para executar um dos mais lendários criminosos da fronteira, o também brasileiro Jorge Rafaat Toumani.
Apontado como “patrão” do crime organizado na Linha Internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS), Rafaat foi morto na noite de 15 de junho de 2016 em um ataque cinematográfico que contou com intensa troca de tiros entre os pistoleiros e seguranças do narcotraficante.
Ferido com um tiro no rosto, Sérgio Lima dos Santos foi abandonado em um hospital na região metropolitana da capital paraguaia, onde foi preso. Todos os outros pistoleiros conseguiram fugir. Nove seguranças de Rafaat foram presos naquela noite e soltos semanas depois.
O julgamento deveria ter começado na semana passada, mas um dos advogados de defesa apresentou atestado médico alegando uma crise de otite e o outro renunciou. Defensores públicos designados pela Justiça paraguaia assumiram a defesa do brasileiro.
Ao contrário do que ocorre no Brasil, onde os réus são levados para o auditório do Tribunal do Júri, Sérgio Lima dos Santos está sendo julgado em uma sala na sede da Agrupación Especializada, onde está preso.
Por volta de 8h30 de hoje, o Tribunal de Sentença, presidido pelo juiz Santiago Trinidad Núñez, foi novamente constituído no quartel da Agrupación, um grupo de elite da Polícia Nacional.
O promotor do caso, Marcelo Pecci, disse que o Ministério Público tem muitos elementos vinculando Sérgio Lima dos Santos à execução do empresário e narcotraficante.
A polícia paraguaia afirma que a execução de Jorge Rafaat ocorreu em consórcio entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho. O comandante da ação teria sido o brasileiro Elton Leonel Rumich da Silva, 35, o “Galã”, preso em fevereiro deste ano no Rio de Janeiro.
Rafaat era contra a expansão das facções brasileiras na fronteira, por isso teria sido executado. Após a morte dele, a fronteira enfrenta uma guerra entre grupos criminosos que disputam o controle do tráfico de drogas e de armas na Linha Internacional.