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Interior

PM é condenado a 32 anos de prisão por matar mulher e corretor a tiros

Lúcio Roberto Queiroz Silva também foi sentenciado a pagar R$ 210 em multas, e perda do cargo na PME

Silvia Frias | 31/01/2023 18:05
Lúcio Roberto (esq) foi condenado por matar Regianni e o corretor Fernando Freitas. (Foto/Reprodução)
Lúcio Roberto (esq) foi condenado por matar Regianni e o corretor Fernando Freitas. (Foto/Reprodução)

O policial militar Lúcio Roberto Queiroz Silva, 39 anos, foi condenado a 32 anos e 8 meses de prisão por ter matado a mulher, Regianni Rodrigues de Araújo e o corretor Fernando Henrique Freitas, em duplo homicídio ocorrido em outubro de 2019. Na sentença, foi determinado ainda o pagamento de valor total de R$ 210 mil em indenização aos familiares, perda do cargo na corporação e do poder familiar sobre o filho.

O julgamento começou às 8h e acabou por volta das 17h20, em Paranaíba, a 408 quilômetros de Campo Grande. durante a sessão, além do réu, foram ouvidos quatro testemunhas.

No início do júri, o réu disse estar arrependido e pediu perdão aos familiares das vítimas.

O promotor Leonardo Palmerston disse ao Campo Grande News que a condenação foi determinada por maioria dos votos do corpo de jurados, formado por quatro mulheres e três homens. Na sentença, Lúcio Roberto foi sentenciado a 16 anos e 4 meses de prisão por cada homicídio, ambos, qualificado por motivo torpe e sem chance de defesa.

Lúcio Roberto trabalha na PMA à época do crime. (Foto/Reprodução)
Lúcio Roberto trabalha na PMA à época do crime. (Foto/Reprodução)

Palmerston explicou que os jurados desqualificaram o feminicídio, que poderia elevar a pena em relação a morte de Regianni em até dois anos.

O réu também foi condenado a pagar R$ 30 mil para cada parente ascendente ou descendente, sendo os pais e os dois filhos de Regianni, um deles, também filho do réu, além dos pais e da viúva de Fernando Henrique.

O promotor diz que não pretende recorrer da sentença, sob o risco de tentar aumentar a pena em pouco mais de dois anos, pelo feminicídio, e perder a condenação já conseguida. “A família também ficou aliviada com o resultado”, diz, acrescentando que considera positivo também o fato de os jurados terem desconsiderado o laudo psiquiátrico, que havia atestado o réu como semi-imputável.

Já o advogado de defesa, José Roberto Rodrigues, diz que irá recorrer da sentença, por ter achado equivocado alguns critérios do juiz Edmilson Ávila para valorar a pena, como consequências do crime, além do fato dos jurados terem desconsiderado o laudo médico. “Eles não deveriam descartar, isso para mim, acarreta em nulidade do julgamento”, considerou.

Rodrigues também da decisão de Silva ser destituído da Polícia Militar Estadual, já que ele estaria na condição de semi-imputabilidade por conta da função e, por isso, deveria ser reformado.

Também vai recorrer do valor das multas, já que o réu não teria recursos para o pagamento, bem como da perda do poder familiar. “Ele não deixou de ser pai da criança, isso pode acarretar em consequências nefastas para a própria criança”. Hoje, o menino de 11 anos mora com os avós paternos.

O objetivo da defesa será tentar anular o júri ou, em caso de negativa, a redução da pena.

Crime – Lúcio Roberto Silva matou a mulher e o corretor no dia 5 de outubro de 2019, em Paranaíba. À época, era o “cabo Lúcio” da PMA (Polícia Militar Ambiental). Segundo a investigação policial, o policial matou os dois por acreditar que estava sendo traído pela esposa, com base em denúncia sem provas apresentada a ele.

No dia dos crimes, o corretor estava na casa dos pais da esposa, em uma reunião familiar, enquanto Lúcio Roberto e Regianni participavam de outra confraternização na casa dos pais dele.

No fim da tarde, depois de ingerir bebida alcoólica, o corretor deitou-se para descansar no sofá da sogra e, antes de dormir, desbloqueou o celular para sua mulher fazer uma ligação. Enquanto usava o celular do marido, chegaram mensagens por um aplicativo de conversa, sendo estas encaminhadas pela mulher do PMA.

A mulher do corretor respondeu como se fosse ele, imaginando que as vítimas mantinham caso extraconjugal. A seguir, a mulher entrou em contato com o policial e enviou a ele os prints da conversa.

O policial questionou a esposa sobre a possível infidelidade, mas ela negou. Então, ele foi até a residência onde o corretor estava, desceu do carro armado de uma pistola .40, de propriedade da polícia.

 O policial encontrou o corretor deitado no sofá, de costas para a porta, e o acertou com um chute violento, exigindo que pegasse o celular. Repentinamente atirou na vítima que, mesmo ferida, tentou fugir. O réu perseguiu o corretor e atirou mais quatro vezes, matando-o. De volta ao local onde estava com a esposa, atirou seis vezes.

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