Promotora paraguaia diz desconhecer denúncias contra marido, preso hoje
Em nota, Katia Estela Uemura Montenegro afirmou que suspeitas não têm relação com ela
A promotora de Justiça do Paraguai Katia Estela Uemura Montenegro divulgou nota oficial na tarde desta segunda-feira (10) afirmando desconhecer as denúncias que levaram para a prisão o seu marido, o advogado Daniel Montenegro Menezes, 51.
Ele foi preso hoje cedo no âmbito da Operação Pavo Real, deflagrada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) contra a organização criminosa comandada pelo narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão, conhecido como “Barão das Drogas”.
Esta fase investiga lavagem de dinheiro através de empresas e fazendas administradas por “testas-de-ferro” do narcotraficante, atualmente recolhido no presídio federal em Brasília, onde cumpre pena de 23 anos por tráfico de drogas.
Jarvis está preso há 14 anos, oito dos quais em território paraguaio, de onde continuou operando o comércio de cocaína, mesmo atrás das grades.
Das 32 pessoas com prisão decretada, apenas 11 foram presas hoje, mas as buscas continuam. Daniel foi preso na residência do casal em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia separada por uma rua de Ponta Porã (MS). Ele teria disparado um tiro de pistola durante a prisão, acertando a parede da casa. A Senad ainda não se manifestou sobre esse episódio.
“Sinto a necessidade de expressar estas palavras, levando em consideração o compromisso que tenho com a sociedade devido ao cargo que ocupo”, afirmou a promotora, que integra o Ministério Público do Paraguai há 19 anos.
“Em primeiro lugar, desconheço os fatos atribuídos ao meu cônjuge, o advogado Daniel Montenegro. Nesse sentido, quaisquer suspeitas que possam existir em relação a ele não têm relação comigo, nem com a linha de trabalho na qual atuo. Esclareço que sempre conduzi com o máximo de cautela e cuidado todas as investigações que realizei no meu papel como agente fiscal”, afirmou Katia Uemura.
Ela encerrou a nota afirmando estar à disposição das autoridades responsáveis pela investigação, “às quais oferecerei minha colaboração no que for necessário para esclarecer essa situação o mais rápido possível”.
Segundo o jornal ABC Color, o mais influente do Paraguai, por diversas vezes a promotora teve seu trabalho questionado, enfrentou processo disciplinar em 2018 e chegou a ser suspensa das funções após liberar dois traficantes presos com 50 quilos de cocaína em Pedro Juan Caballero.
No ano passado, Katia Uemura foi alvo de duras críticas após afirmar que o radialista Humberto Coronel “se ofereceu” aos pistoleiros que o mataram, por recusar proteção policial. Humberto foi morto a tiros de pistola 9 milímetros quando saía da rádio onde trabalhava, no dia 6 de setembro. Ele teria sido executado a mando do crime organizado da fronteira.
A imprensa paraguaia também questiona o patrimônio de Katia Uemura. Com salário mensal em torno de 18,5 milhões de guaranis (cerca de 13 mil reais), ela e o marido moram em casa de alto padrão em Pedro Juan, descrita como “mansão” pelo ABC Color.