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Interior

Proprietários rurais acusam índios de atear fogo em plantação de milho

Há quase um ano os grupos vêm investindo contra áreas da região oeste do município

Geisy Garnes e Helio de Freitas | 17/08/2019 16:29
Plantação ficou parcialmente destruída (Foto: Direito das Ruas)
Plantação ficou parcialmente destruída (Foto: Direito das Ruas)

Donos de propriedades rurais da região oeste de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, acusam índios das aldeias Jaguapiru e Bororó de atearem fogo em uma plantação de milho neste sábado (17). A ação é parte da tentativa de invasão da área que fica perto da reserva indígena do município.

Segundo os proprietários, as chamas destruíram boa parte da lavoura, que estava a poucos dias da colheita. “Perdeu quase tudo, vai salvar um pedacinho”, diz o dono da plantação em um vídeo enviado ao Campo Grande News. “Olha ai o que fizeram comigo, meteram fogo e isso ai é frequentemente, não é um dia só não. Tão tentando invadir a área aqui e ficam ai metendo fogo na lavoura, olha ai que judiação”, diz ele na gravação.

As invasões começaram em 2016 na região norte e hoje sete propriedades continuam ocupadas. Há quase um ano os grupos vêm investindo contra áreas próximas à Avenida Guaicurus, que ligam o centro ao aeroporto e à Cidade Universitária.

Moradores da região afirmam que a sensação de guerra na região começou depois da chegada de índios vindos de aldeias de Ponta Porã, Amambai e Caarapó. São pelo menos 30 sítios localizados nos arredores da reserva de 3.600 hectares demarcada em 1917, onde vivem pelo menos 17 mil pessoas das etnias Guarani-Kaiowá e Terena.

Ainda segundo os moradores, os índios ficam escondidos em matas próximas aos sítios e constantemente invadem as terras para instalar barracos. Alguns proprietários recorreram à contratação de seguranças privados para tentar impedir as invasões. Já ocorreram vários confrontos com feridos de ambos os lados.

Entenda - Levantamento feito pela Funai em 2013 apontou o “sumiço” de 85 hectares da área indígena. Segundo o órgão federal, 3.539 hectares foram demarcados em 1965 e atualmente apenas 3.515 hectares estariam na posse dos índios.

A Justiça Federal determinou perícia para identificar se essa área foi expropriada dos índios e em que parte dos arredores da reserva houve a posse ilegal.

A situação no local é diferente de outras áreas de conflito em Mato Grosso do Sul, onde os índios reivindicam a demarcações de grandes propriedades. A maioria dos sítios em volta da reserva de Dourados tem em torno de 10 hectares.

Em 2017, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a reintegração de posse dos primeiros sítios invadidos em 2016. O despejo tinha sido determinado pela Justiça Federal em Dourados. O caso está parado no Poder Judiciário. Conforme os sitiantes, a demora da Justiça e o descaso do Estado só agravam o risco de confronto.

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