“Próximo evento: morte”, postou adolescente 3 dias antes de capotagem fatal
Sem acreditar, família soube de postagens após acidente e para irmã, “só o destino” para explicar fim trágico
“É difícil tentar entender, mas eu acho que era o destino. Quando chega o momento, é aquilo e não tem jeito!”. A fala emocionada é uma tentativa da família da adolescente Leonarda Ajala Vilalba, de 17 anos, de explicar a trágica coincidência entre postagem feita pela “jovem sonhadora” e o acidente que acabou tirando sua vida, na madrugada do último domingo (8).
Mensagens como a que diz: “Próximo evento: morte”, publicadas por Leonarda três dias antes do carro em que ela estava capotar na estrada, entre as cidades de Antônio João e Bela Vista, pegaram a família de surpresa.
“Ela era uma pessoa muito querida e alegre, não era de ficar ‘para baixo’. Ninguém viu aquilo. Foi uma surpresa”, revelou a irmã da adolescente, Mariely Ajala, de 25 anos.
Segundo ela, a publicação, assim como outras mensagens postadas pela adolescente, só passou a ser de conhecimento da família após o acidente. “Nós não temos Twitter e só vimos no dia da morte, porque nos mostraram. É coisa de outro mundo, não tem como explicar. A Leonarda era cheia de vida, nunca falou sobre morte, só em viver intensamente”, relembra a irmã.
E foi na tentativa de viver intensamente, que a adolescente fez questão de chamar amigos próximos para festa na cidade de Antônio João, na véspera da tragédia. Também no Twitter, a menina chegou a publicar diversas mensagens se referindo a cidade e a indicar que a mãe não permitiria a filha sair de casa.
“Segundo minha mãe, sábado que vem eu não vou sair”, postou a adolescente no dia 1º de agosto. Conforme Mariely, apesar da postagem, a família nunca impediu Leonarda de fazer o que gostava. “A minha mãe só falava que ela não podia sair muito, por estarmos em pandemia. Falava que ela precisava se resguardar, principalmente, porque ela não tinha tomado vacina”, lembra.
Sobre a festa, a irmã lembra que a ida da adolescente já havia sido anunciada, há semanas. “Ela sempre falava que precisava ir de algum jeito para Antônio João e chegou a me chamar para ir, mas falei para deixar quieto. Mesmo assim, ela insistia”, conta Mariely.
Junto com publicações recentes, foto postada pela adolescente, em junho do ano passado, voltou a repercutir por conta dos dizeres “quando eu morrer, não quero nada mais/nada menos do que essa foto no status de todos”, dizia.
Para a irmã, a publicação não passou de uma brincadeira. “Eles [amigos] falavam muito em memes e ela doente pelo Flamengo, por isso, a foto vestindo a camisa”, contou.
Sonhava em ser dentista – Emocionada, dona Apolonia Ajala, professora e mãe de Leonarda, também falou sobre a adolescente e seus sonhos. Segundo ela, logo que se formasse no ensino médio, a filha planejava vir para Campo Grande para continuar a estudar.
“Foi uma filha que nunca me deu trabalho, uma menina de ouro. A gente falava não, ela não insistia. Estava no último ano da escola e tinha o sonho de cursar odontologia, inclusive, a gente já estava preparando a ida dela para a Capital”, fez questão de ressaltar, rapidamente, a mãe.
O acidente – Leonarda, o amigo desde a escola, Honorato Henrique Leite Alves, de 19 anos, e Bárbara Ormey, também de 19, morreram após carro capotar, na MS-384. Eles e outros três jovens voltavam para a cidade de Caracol, após festa em Antônio João. O carro em que as vítimas estavam saiu da pista e parou às margens da estrada.