Rio Paraguai sobe e população de Porto Murtinho comemora após anos de estiagem
Segundo moradores, o nível permitiu retorno da navegabilidade e abertura de corixos para reprodução de peixes
As chuvas constantes em Mato Grosso do Sul têm aumentado o nível dos rios, mas ainda não deixou nenhum município em situação crítica. Em Porto Murtinho, por exemplo, o aumento na altura do Rio Paraguai foi comemorado por quem só via seca.
Segundo moradores, o nível permitiu o retorno da navegabilidade e também a aproximação, por exemplo, de lanchas de uma pousada à sua sede, o que contempla melhor o turismo.
Neste último caso, o proprietário Alberto Fróes afirmou na página do estabelecimento que “após quatro anos, choveu bastante, subiu o rio. Hoje conseguirmos colocar os barcos pertinho da pousada, graças a Deus”.
Ele falou que a água subiu rápido e que estava precisando muito. "Muitos corixos fecharam e é uma questão de sobrevivência, para os peixes mesmo, porque com pouca água, os grandes comem os pequenos e agora, os corixos estão abrindo novamente, garantindo a reprodução", pontuou.
O radialista da cidade Hildebrando Procópio também comemorou, informando que “a alta no nível do Rio Paraguai permite o retorno de embarques em Porto Murtinho. “A normalidade permitiu a retomada da navegação na região entre Porto Murtinho e Corumbá”, postou.
Os dados de lá indicam que ontem a estaca sobre o nível do rio media 3,46 metros e “nos últimos quatro dias, subiu 0,66 metro, criando a expectativa de que o nível do Rio Paraguai, ao final do mês de março, chegue a 5,50 metros”.
Em mensagem, afirmou ao Campo Grande News que a comemoração ocorre “pois a estiagem de sete anos sem água no Pantanal é para agradecer a Deus pelas bênçãos” e lembrou que “o nosso Rio Paraguai agonizou nos últimos dois anos, chegando a 2020, no caos, a 0,74 metro. Em 2021 teve fogo durante 70 dias matando animais bovinos e silvestres, além do prejuízo de cercas e pontes de madeiras que queimaram tudo”.
Dados da Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) mostram que em 1º de fevereiro, o Rio Paraguai na cidade estava em 2,33 metros acima do nível da régua; em 6 de fevereiro estava em 3,07 metros e hoje em 3,49 metros. Esse aumento não está perto do nível de alerta, que é quando há risco de inundações, que é de 6,40 metros.
A cidade enfrentou alagamentos no 1º dia de fevereiro e famílias foram desalojadas por causa da chuva, mas não por conta do aumento do nível do rio. Na ocasião, o grande volume de chuva atingiu Porto Murtinho na madrugada de terça-feira, 31 de janeiro, e alagou ruas e casas. Foram registrados 105,8 milímetros de chuva em apenas quatro horas, o equivalente a 65% do esperado para todo o mês.
Aquidauana e Coxim – Em Aquidauana, no dia 1º de fevereiro, o rio de mesmo nome estava em 3,22 metros e em 6 de fevereiro, 5,59 metros. Quatro dias depois, já havia caído para 4,84 metros, o que impediu que chegasse ao nível de alerta, em 6,00 metros. Em 3 de fevereiro, a cidade temeu que o rio transbordasse, o que acabou não ocorrendo.
Em Mato Grosso do Sul, o único rio que está em nível de alerta é o Taquari, em Coxim, com 4,5 metros. O limite de alerta é 4,00 metros. Lá, segundo a prefeitura, foram registrados 208,8 milímetros de chuva entre os dias 2 e 3 de fevereiro, quando o nível do Taquari chegou a 4,53 metros. “Com todo esse volume de chuvas, muitas ruas foram prejudicadas e casas foram invadidas com as águas, trazendo transtornos à população”, cita nota do município.