“Se agisse diferente, ninguém passaria por isso”, diz ex de jogador esquartejado
Rubia Joice de Oliver é acusada de participar da morte do ex-namorado, o atleta Hugo Vinícius
Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21 anos, acusada de participar da morte do ex-namorado, o jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19, disse que está arrependida da forma como agiu na madrugada do dia 25 de junho de 2023, quando o jovem foi assassinado e esquartejado.
Os relatos foram feitos durante 1ª audiência de instrução do processo, em sessões iniciadas na quinta-feira (29), no Fórum de Sete Quedas, a 468 km de Campo Grande.
Rubia confessou que viu o assassinato, mas não pediu socorro ou denunciou os culpados. “Me arrependo da forma como eu agi, se eu tivesse agido de outra forma, pedido ajuda, ligado para a polícia, ninguém estaria preso, passando por tudo isso”, lamentou no plenário.
No interrogatório, Rubia não mudou o que já havia dito em depoimentos na fase processual do caso. A ré optou por respondeu mais as perguntas da defesa, que basicamente foi sobre seu relacionamento com a vítima.
A jovem revelou que namorou Hugo Vinícius por cerca de oito meses. O relacionamento que começou em agosto de 2022, terminou em abril do ano passado. Segundo ela, até a data do crime, a vítima ainda insistia para voltar. Em algumas ocasiões, Hugo chegou a invadir sua casa e passou a persegui-la e vigiá-la.
A acusada afirmou que o relacionamento era abusivo e que em várias situações era xingada ou agredida fisicamente, mas como gostava de Hugo, não denunciava e continuava com o namoro.
“Nós discutíamos muito, mas nas últimas vezes tinha agressão física. Eu não denunciava porque gostava muito dele e ele prometia que iria mudar”, relatou dizendo que devido as desavenças frequentes decidiu terminar a relação em abril do ano passado.
Rubia ainda contou que em 2019 havia namorado com Danilo Alves Vieira da Silva, 20 anos, também réu pelo assassinato do jogador de futebol.
No dia do crime – Rubia contou em interrogatório que no dia do crime, ela foi em uma festa com um grupo de amigos. Chegando no local, viu que Danilo também estava reunido com o pai dele, junto a outras pessoas. Na ocasião, ela lembra de cumprimentar o ex-namorado.
Por volta das 3h, na madrugada do dia 25 de junho, Danilo saiu da festa, foi até a casa dele levar o pai. Ao retornar, ele se juntou ao grupo de amigos de Rubia.
Às 5h, Rubia convidou o rapaz para ir até a casa dela. O réu aceitou, mas o combinado seria que ele deixaria o carro em sua residência e a moça o buscaria.
Nesse meio tempo, Cleiton Torres Vobeto, 22 anos, amigo de infância de Rubia, conhecido como “Maninho” pediu para dormir na casa da moça. A acusada buscou Danilo e os três foram para sua residência.
Ao chegarem no imóvel, "Maninho" foi dormir no quarto de hospedes, já Rubia e Danilo foram para o quarto da moça. Foi nesse momento, segundo depoimento da ré, que Hugo chegou.
A vítima acendeu a luz a começou a xingar a ex-namorada. Para evitar uma discussão entre os rapazes, ela levou a vítima para fora. Enquanto discutiam na porta da residência, ela ouviu um tiro, quando olhou para trás, viu Danilo com a arma na mão.
Rubia alegou que ficou desesperada e sem reação quando viu Hugo caído no chão. "Maninho" que estava dormindo, acordou com o barulho do tiro.
Ele foi até a porta e viu Hugo morto. Foi nesse momento que Danilo pediu ajuda ao rapaz para colocar o corpo da vítima no carro. A partir daí, Rubia não viu mais nada do que aconteceu com o ex e ficou aguardando os dois voltarem.
“Fiquei perguntando o que eles tinham feito e eles não quiseram falar. O Danilo disse ‘não vamos falar sobre isso, já dei um jeito’”, relembrou.
A mãe de Rubia, Noemi Matos Oliver e o padrasto, Patrick Eduardo do Nascimento também serão julgados, por fraude processual. Durante as investigações, os dois mentiram, dizendo que Rubia estava com a família, álibi que depois foi derrubado.
O interrogatório dos dois era para acontecer ontem, mas houve queda de energia no Fórum de Sete Quedas, por isso, o depoimento foi marcado para hoje, a partir das 10h.
A acusação – Até esta semana, a ação penal tramitava em sigilo. Mas, de acordo com o que foi divulgado pela investigação, Hugo saiu da festa no posto de combustíveis naquela madrugada, e foi deixado por amigos na casa da ex-namorada e então “sumiu”. A família procurou a polícia e registrou um boletim de desaparecimento.
Uma denúncia anônima levou às buscas pelo jogador ao Rio Iguatemi. O Corpo de Bombeiros trabalhou intensamente, sem sucesso nos três primeiros dias. A investigação chegou a “Maninho”, que confessou ter ajudado na ocultação do cadáver.
Ele apontou onde o corpo do jogador foi desovado, um ponto do rio que passa por dentro da propriedade rural da família de Danilo.
No dia 2 de julho, bombeiros passaram a localizar partes do corpo da vítima. Foi então que a brutalidade do crime foi revelada: os envolvidos haviam cortado a vítima em pequenos pedaços.
Após se entregar à polícia, Rubia alegou que Danilo havia atirado em Hugo e depois, fez ameaças de morte para que ela e “Maninho” não contassem a verdade. Em juízo, mudou a versão que agiu por medo de virar alvo do “ficante”.
A moça também afirmou que Danilo e o amigo foram os responsáveis por colocar o corpo de Hugo na carroceria do veículo dela e se livrarem do cadáver. Disse que não sabia o que havia sido feito do corpo, muito menos do esquartejamento.
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