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Interior

Ex-namorada e "ficante" armaram emboscada para matar jogador, conclui delegada

Ex-namorada foi presa por ocultação de cadáver e o "ficante", que matou jogador a tiros, está foragido

Dayene Paz | 07/07/2023 12:06
Rubia (à esquerda) está presa e Danilo (à direita) é procurado pelas autoridades. (Foto: Divulgação)
Rubia (à esquerda) está presa e Danilo (à direita) é procurado pelas autoridades. (Foto: Divulgação)

A investigação policial aponta que Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21, e o "ficante" Danilo Alves Vieira da Silva, 19, premeditaram o assassinato do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19, em Sete Quedas, a 471 km de Campo Grande. Rubia - ex-namorada do jogador - está presa por ocultação de cadáver e Danilo, foragido. A motivação do crime não foi informada pela Polícia Civil.

As poucas informações foram repassadas à imprensa durante pronunciamento na manhã desta sexta-feira (7), na Câmara Municipal de Sete Quedas. Não foi permitido que a imprensa fizesse perguntas sobre o caso. Estiveram presentes policiais, peritos e bombeiros envolvidos nas apurações do caso que repercutiu em todo o país.

Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi morto aos 19 anos (Foto: Reprodução do Instragram)
Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi morto aos 19 anos (Foto: Reprodução do Instragram)

Hugo saiu de uma festa em posto de combustível na cidade de Pintoty Porã, que faz fronteira com Sete Quedas, na madrugada do dia 25 de junho. Na sequência, foi deixado por amigos na casa da ex-namorada e, desde então, não foi mais visto. A família então procurou a polícia e registrou um boletim de desaparecimento.

Foi uma denúncia anônima para a Polícia Militar que deu início às buscas no rio. Os bombeiros trabalharam intensamente, sem sucesso nos três primeiros dias de buscas. Mas a polícia chegou até "Maninho" - amigo de Rubia que ajudou na ocultação do cadáver - e que apontou onde o corpo do jogador foi desovado.

Durante mais buscas, os bombeiros passaram a localizar os restos mortais do jogador. Foi então que a polícia percebeu a premeditação do crime: os envolvidos haviam cortado a vítima em pequenos pedaços.

Segundo os bombeiros, cada descida no rio levava em torno de quatro horas (18 km) e eram feitas três descidas ao dia, trabalho que durou dois dias em local de difícil acesso. Para identificação da vítima e descoberta sobre o que teria ocorrido com Hugo, peritos, médicos legistas, agentes de polícia cientifica e técnicos de necrópsia trabalharam com vários recursos, entre luminol e reprodução simulada.

Local onde partes do corpo de Hugo foram encontradas no domingo. (Foto: Divulgação | PCMS)
Local onde partes do corpo de Hugo foram encontradas no domingo. (Foto: Divulgação | PCMS)

Segundo a delegada Lucélia Constantino, até o momento, 17 pessoas foram ouvidas, além de serem cumpridos mandados de busca e apreensão, apreendidos celulares, carros, barco, instrumentos cortantes e DVR.

Entre os telefones, está com a Polícia Civil o que pertence à ex-namorada do atleta, Rubia Joice. Além disso, foi pedida a quebra do sigilo telemático do celular de Hugo e a esperança dos investigadores é que os dados de localização possam mostrar os “últimos passos” do jogador antes do assassinato. O celular do jogador, um Iphone, não foi encontrado.

Embora a tia do jogador tenha relatado à polícia que, no dia do desaparecimento, Hugo havia contado para a família que estava recebendo várias mensagens da ex-namorada, que ela pedia para que ele a encontrasse e o atleta dizia que “não queria mais”, no interrogatório, a jovem negou ter conversado com o ex no dia 24 de junho. Este é um ponto que também pode ser esclarecido com a quebra dos sigilos telemático (dados) e telefônico do celular da investigada.

Premeditado - Para a investigação, os autores [Rubia e Danilo] planejaram o crime. Rubia foi coautora e Danilo quem matou o jogador a tiros. Depois, Hugo foi esquartejado com uma serra elétrica no local onde foi desovado - outro ponto que a polícia também trabalha para desvendar.

Durante o pronunciamento nesta manhã, a polícia informou que identificou "recurso que torne impossível a defesa da vítima". Segundo o artigo 121 do Código Penal, o homicídio é qualificado quando praticado mediante traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.

Versão - Rubia narrou que na noite do dia 24 de junho, um sábado, foi para uma festa em posto de combustível na cidade de Pindoty Porã, a mesma onde Hugo foi visto pela última vez, e saiu de lá quase de manhã. Diz que passou a noite na mesma mesa de Danilo e o rapaz, quando estava de saída, pediu que ela fosse até a casa dele buscá-lo para que os dois passassem a noite juntos. Já estava quase amanhecendo quando ela decidiu deixar o local e foi até Danilo. Na casa do “ficante”, também estava Maninho.

Rubia e Hugo em foto publicada por Rubia no Instagram. (Foto: Reprodução)
Rubia e Hugo em foto publicada por Rubia no Instagram. (Foto: Reprodução)

Ouvido como testemunha, Maninho alegou que combinou de mentir em depoimento a pedido de Rubia Joice, mas se arrependeu com medo das consequências.

A jovem afirma, porém, que pegou Danilo, o amigo Maninho e todos seguiram para a casa dela. O rapaz foi para um dos quartos, enquanto ela e o “ficante” foram para outro. Em determinado momento, narrou a jovem, Hugo teria invadido a casa e entrado no quarto a chamando de vagabunda. Ela se levantou e tentou empurrá-lo para fora da residência, quando de repente, pelas suas costas, Danilo atirou contra Hugo.

Ela diz que o “ficante” mandou que todo mundo ficasse quieto ou todos morreriam e que, então, ele e o amigo colocaram o corpo no carro dela para se livrarem dele. Disse que não sabia o que havia sido feito do cadáver, muito menos do esquartejamento.

A moça afirmou ainda que não atraiu o ex-namorado para sua casa e que o fato de ele ter aparecido lá, se encontrando com Danilo armado, foi coincidência. A jovem acrescentou que o “ficante” não gostava de Hugo, pois sabia que o ex era ciumento e supostamente já havia agredido Rubia.

A ex-namorada contou ainda que foi para a chácara da avó e demorou relatar à família o que havia acontecido, também por medo. Ela só se apresentou à polícia na segunda-feira (3), depois que partes do corpo de Hugo começaram a ser encontradas.

Maninho - Já na versão de Maninho, ele estava dormindo quando ouviu discussão entre Danilo e Hugo e, logo em seguida, barulho de tiro. Ao sair para ver o que estava acontecendo, encontrou o jogador caído no chão, ainda respirando, e então perguntou a Rubia e ao “ficante” dela o que eles haviam feito.

Neste momento, a garota teria dito que ele não devia falar com ninguém e só fazer o que Danilo mandasse. O corpo de Hugo estava caído na porta da casa. Ainda de acordo com Maninho, Hugo ainda respirava quando Danilo decidiu colocá-lo no carro de Rubia e levar para o rio. Ele afirma que foi ameaçado pelo autor que estava armado e o ajudou a pegar a vítima pelas pernas e colocar no veículo da jovem.

Os dois seguiram até a propriedade rural, que seria do pai de Danilo e lá, o autor deu mais dois tiros na testa de Hugo. Em seguida, jogaram o corpo inteiro no rio. Maninho afirma que viu o cadáver da vítima desaparecer nas águas e que ele não estava esquartejado.

Nega - Rubia está presa desde segunda-feira (3), quando se apresentou, acompanhada de advogados, na delegacia de Tacuru. O amigo dela, Maninho, que teria testemunhado o assassinato, apesar de ter admitido que ajudou a “se livrar” do corpo do atleta, segue como colaborador da investigação, em liberdade. Danilo teve a prisão temporária decretada e segue foragido.

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