Tensão aumenta no entorno de reserva indígena e sitiantes também alegam ataques
Ontem, indígenas afirmaram que seguranças invadiram acampamentos e queimaram barracos
Mais uma vez, o clima é de tensão no entorno da Reserva Indígena de Dourados, cidade a 251 km de Campo Grande. Indígenas que reivindicam a demarcação de áreas lindeiras às aldeias Jaguapiru e Bororó denunciam ataques de “pistoleiros” aos acampamentos e sitiantes acusam os guarani-kaiowá de tentar ampliar as invasões de propriedades particulares.
Na tarde desta quarta-feira (16), acionados após suposta tentativa de invasão, policiais militares foram a um dos locais de confronto ao lado do anel viário que passa ao lado da reserva. Donos de chácaras denunciaram que os indígenas estariam ameaçando os moradores soltando rojões, ateando fogo na vegetação e até disparando tiros.
Segundo o boletim de ocorrência, durante a presença da Polícia Militar, os indígenas teriam soltado rojões e atirado pedras com estilingue em direção às viaturas e às casas. Os PMs narraram na ocorrência terem ouvido barulho de tiros de arma de fogo, “não podendo identificar o autor, pois estava escondido na vegetação”.
Para evitar mais animosidade, a Polícia Militar se retirou do local e orientou os moradores a registrarem boletim de ocorrência na Polícia Civil. Sitiante de 60 anos seguiu a orientação e registrou denúncia por tentativa de esbulho possessório.
Em junho deste ano, indígenas chegaram a ocupar empresas localizadas na margem do anel viário e deram ultimato para que os funcionários deixassem o local. A Polícia Militar interveio e conseguiu controlar a situação.
Barracos queimados – Ontem, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) denunciou que homens armados teriam invadido o acampamento “Avae’te” e queimado barracos. “Eles vieram pelo mato e atiraram umas quatro vezes, e [um dos disparos] quase acertou nosso parente”, relatou uma das lideranças.
Ainda segundo a versão contada pelos indígenas ao Cimi, o “grupo de pistoleiros” monitora a comunidade por meio de drones. “Se a gente sair para filmar, eles dão tiro porque o drone fica em cima, até agora está aqui em cima” relatou a liderança.
Apesar de nenhuma perícia ter sido feita até agora apontando indícios de que as terras sejam indígenas, a comunidade guarani-kaiowá afirma que sítios e chácaras no entorno da reserva ocupam áreas pertencentes às aldeias, criadas em 1917. Segundo estudos preliminares, parte dos 3.600 hectares da reserva foi invadida por produtores ao longo dos anos.