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Cidades

Moradores do Cidade de Deus vibram com impasse para ida ao Noroeste

Ricardo Campos Jr. | 07/01/2015 09:45
Família moradora da comunidade Cidade de Deus (Foto: Alcides Neto)
Família moradora da comunidade Cidade de Deus (Foto: Alcides Neto)
Rosinete reclama da transferência para lugar provisório (Foto: Alcides Neto)
Rosinete reclama da transferência para lugar provisório (Foto: Alcides Neto)

A briga judicial envolvendo a Prefeitura de Campo Grande e o dono de uma área no Jardim Noroeste, onde famílias da comunidade Cidade de Deus seriam colocadas provisoriamente, foi vista com bons olhos por alguns moradores do local. Eles reclamam que destino não é definitivo e tampouco tem infraestrutura. Seria preciso transladar os barracos atualmente montados próximo ao lixão e poucos materiais resistiriam ao transporte.

“Nós queremos uma moradia digna ou um terreno em que possamos batalhar para construir alguma coisa que seja nossa. Quando eu vim para cá, consegui vaga em escola perto daqui”, disse a dona de casa Carolina da Conceição, 33 anos.

A família dela tem sete pessoas, sendo dois adultos e cinco crianças, uma delas especial. “Deus ouviu as minhas preces”, diz, referindo-se ao atraso na transferência dos moradores em função da liminar que travou o processo.

“Para mim foi ótimo, porque se for para irmos até o Noroeste para ficarmos três meses no improviso, é melhor ficarmos esperando por aqui mesmo”, disse a dona de casa Rosinete Rodrigues, 34 anos.

Indecisão - Apesar da reintegração de posse em área no Jardim Noroeste, a Prefeitura de Campo Grande mantém o cronograma de transferir as 200 famílias da favela Cidade de Deus, no bairro Dom Antônio Barbosa, até 15 de janeiro. “A decisão não atrapalha em nada a remoção. Temos até dia 15 para tirar, mas não tem dia marcado”, afirma o procurador-geral do município, Fábio Castro Leandro.

No dia 30 de dezembro, o juiz de plantão Waldir Peixoto Barbosa deferiu liminar de reintegração de posse de 7.440 metros quadrados ao aposentado Arthur Altounian. No terreno, já existia uma via terraplanada para posterior pavimentação asfáltica, além de 21 hidrômetros e 22 postes de energia elétrica.

Contudo, conforme o procurador, o trecho receberia somente uma rua. “Não era nos terrenos onde as famílias seriam acomodadas”, diz. Ainda segundo ele, a remoção da favela é organizada pela Procuradoria Geral, com auxílio de diversas secretarias.

Quanto à possibilidade de recurso contra a liminar, o procurador aguarda informações técnicas sobre a posse da área, se é mesmo particular ou do município. O prefeito Gilmar Olarte (PP) sinalizou que, em caso de propriedade privada, pode desapropriar o terreno.

A transferência da favela Cidade de Deus, nas imediações do lixão, na saída para Sidrolândia, foi definida pela Justiça em 5 de dezembro de 2014. Além dos 25 quilômetros de distância, o desafio é dotar o novo endereço com infraestrutura, escola, atendimento médico e linhas de ônibus para atender as 200 famílias.

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