Protesto de caminhoneiros paralisa indústria e afeta aeroporto da Capital
Aurora decretou paralisação em MS e empresas de combustível aguardam até amanhã para racionamento
A manifestação dos caminhoneiros nas rodovias pedindo a redução no valor do combustível paralisou uma indústria de alimentos e também afeta diretamente o Aeroporto Internacional de Campo Grande.
Os voos que partem da Capital serão prejudicados a partir de quinta-feira (24), caso as rodovias continuem bloqueadas pelos caminhoneiros. Funcionários da Shell e da Petrobrás, empresas que operam na Capital, informaram que a situação ainda está normalizada, mas pode haver racionamento, inclusive para abastecer voos de outras cidades.
De acordo com o abastecedor Max Henrique, da Shell Aviação, há uma carreta da companhia parada em Três Lagoas por conta da paralisação nacional. “Pode ser que reduza o suprimento até quinta-feira”, avisa.
Segundo ele, semanalmente chegam a Campo Grande de três a quatro carretas transportando entre 44 mil e 67 mil litros. O funcionário prevê que os voos de cidades onde já não há mais combustível devem passar por Campo Grande antes de irem para o lugar de origem.
O gerente da Petrobrás Aviação, Fábio Aguiar, afirma que a companhia já aguarda um “plano de emergência” da companhia. “Estamos acompanhando. O ponto crucial será na quinta-feira caso não retorne”, avisa.
O presidente da Setlog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul), Cláudio Cavol, avalia que se a paralisação não chegar ao fim até quarta-feira haverá desabastecimento. “O aeroporto está chegando no limite”.
A Aurora Alimentos informou no fim da tarde desta terça-feira que em consequência da manifestação das rodovias, paralisará totalmente as atividades de processamento de aves e suínos em Mato Grosso do Sul na próxima quinta e sexta-feira. A decisão também afeta as unidades dos três estados da região sul do Brasil.
“A suspensão total das atividades tornou-se imperativa e inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impede a passagem dos caminhões que transportam todos os insumos necessários ao funcionamento das indústrias e, também, o escoamento dos produtos acabados para os portos e os centros de consumo”, diz a empresa, em nota.
Segundo a Aurora, a capacidade de estocagem de produtos frigorificados, que é de 50 mil toneladas, já está em situação delicada.
“No campo, as famílias rurais são as mais prejudicadas porque o mesmo movimento grevista impede o fornecimento de ração, pintinhos, material genético, remédios etc. aos milhares de produtores rurais, colocando em risco imensos planteis de aves, suínos e bovinos. Ao mesmo tempo, impede a retirada da produção agrícola e pecuária. Dessa forma, o sistema de produção no campo e na cidade ficou asfixiado e impossibilitado de operar em face da falência de suprimentos”, informa a nota publicada pela empresa.
A empresa também afirma que não faz julgamento sobre a legitimidade da greve, mas adverte para para os prejuízos provocados. “Mesmo que, eventualmente, a greve venha a ser encerrada nas próximas horas ou dias, a paralisação das unidades industriais nesta semana não poderá ser cancelada em face das condições adversas que se criaram ao fluxo normal da produção”, completa.