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O que podemos aprender com a Barbie?

O fenômeno Barbie está muito além de um mundo cor de rosa e padrões de beleza

Larissa Almeida (*) | 18/07/2023 10:56

Se eu fosse resumir em uma única palavra o que a famosa boneca Barbie representa, seria adaptabilidade. A Barbie está sempre em sintonia com o que está acontecendo no mundo, ela não se acomoda. Acompanha o comportamento, as discussões, e ainda assim lança tendências. Se hoje estamos acostumados a falar que podemos ser quem quisermos, "be anything" sempre foi o slogan da boneca mais famosa do mundo. Nunca um brinquedo refletiu tão bem o comportamento da época, acompanhando as mudanças na moda, cultura e estilo de vida vigente nas últimas seis décadas.

Ao contrário do que se diz por aí, Barbie não ditou padrões, ela representou a mulher famosa de quando foi lançada. É só dar um Google e ver a semelhança da boneca com estrelas como Marilyn Monroe, Jane Birkin e Brigitte Bardot. Antes, as meninas só brincavam de casinha, com bonecas que eram bebês para trocar fraldas. Lançada em março de 1959, e nas palavras da criadora Ruth Handler (cofundadora da Mattel), “Barbie sempre representou o fato de que a mulher tem escolhas”. Sonha ir à lua? A Barbie Astronauta (de 1965) foi, antes mesmo do homem. Foi cirurgiã em 1973, CEO em 1985, pilota da Força Aérea em 1991 (Alô Top Gun), presidente dos EUA em 1992, bombeira em 1995, engenheira de computação em 2010 e de robótica em 2018. E o que mais reflete os novos tempos do que a Barbie empreendedora de 2014, com sua campanha “Se você pode sonhar, você pode ser”. Em 64 anos, Barbie já teve mais de 180 profissões, sempre retratando desejos da sociedade na época.

E num tempo no qual o protagonismo era masculino, tudo era da Barbie. Ela era “dona e proprietária” da sua Casa dos Sonhos, dos seus carros, trailers, motos, tinha namorado e vida social. E fazia todos os esportes: patinava, surfava, jogava tênis e vôlei. Não por acaso a Mattel vende uma boneca a cada três segundos no planeta. Em um mundo de intensas transformações, totalmente digitalizado, o que pode ser tão importante quanto se reinventar, sempre e constantemente? Que o diga o período pós-pandêmico que estamos vivendo, de mudança intensa de comportamento, no modo de viver e de se trabalhar.

E falando sobre representatividade, lá em 1968 – em apoio ao movimento de igualdade que tomava conta dos Estados Unidos, surgiu a primeira boneca negra, a Christie, amiga da Barbie. Muito elegante em seu vestido vermelho. Em 1980, foi lançada a coleção Diversidade, com Barbie italiana, hispânica, e etc. Em 1996, há quase 30 anos, quando mal se falava no assunto, Barbie ganhou uma amiga paraplégica, Becky, que vinha com uma cadeira de rodas.

A escolha da diretora do filme, Greta Gerwig, também reflete as escolhas para a Barbie através das gerações. Greta é conhecida por enfocar diálogos, relações pessoais e dramas cotidianos nos seus filmes, e trazer à tona questões sociais relevantes, como o feminismo. Além disso, as protagonistas retratadas pela diretora têm em comum a busca pela própria identidade e fortes posicionamentos.

Moda 

A moda dos últimos 64 anos pode ser contada através da Barbie, que refletiu as mudanças do mundo feminino. Nos anos 60, a Barbie era a típica garota americana, com seu twin-set de lã e faixas no cabelo. Em 1967 surgiu caracterizada de Twiggy, vestida de tubinho mini e botas amarelas, no melhor estilo londrino da época.

Nos anos 70, Barbie virou hippie. Ela acreditava na paz universal, compunha músicas e explorava formas alternativas de viver. Ela tinha um trailer, uma vida mais próxima à natureza, saias de retalhos e vestidos românticos. Na década de 80, cortou o cabelo no estilo Farrah Fawcet, de As Panteras, e abusou do glitter, lábios vermelhos, mangas bufantes e roupa transparente. E claro, encarnou a mania fitness da época, a mulher de negócios, que chegava ao mercado de trabalho com tailleur e ombreiras, e os símbolos pop como Madona e Whitney Houston.

Nos anos 90 dirigia uma Ferrari, se candidatou à Presidência dos Estados Unidos, virou rap, roqueira, salva-vidas, médica, dentista, ginasta e uma super-Barbie, com capa cor-de-rosa. Com um corpo mais flexível, Barbie chegou aos anos 2000 como uma mulher moderna, que trabalha, e por isso precisa de vários novos acessórios, como computador e celular. Nos anos 2020 virou cientista que ajudou a combater a Covid-19. A Barbie nos mostra que se adapta aos tempos, é mãe, profissional, leva sua vida como quer e sempre com muito estilo. Fácil não é. Mas não deixa de ser uma inspiração.

(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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