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Em Pauta

A inteligência artificial busca distinguir o choro dos bebês

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/01/2019 09:00
A inteligência artificial busca distinguir o choro dos bebês

O que quer um bebê quando chora? Uma equipe da Universidade da Califórnia trabalha para resolver esse desconhecimento. Chora de fome? Cólica? Pesadelo? Separação? A chefe da equipe, Ariana Anderson, neuropsicóloga computacional, têm quatro filhos. Afirma que quando ouvia chorar seu terceiro filho percebeu que existiam padrões no choro. O seguinte passo lógico foi treinar um algoritmo para que melhorasse o entendimento humano.

A inteligência artificial busca distinguir o choro dos bebês

Chatterbaby, o app que dá uma porcentagem com o motivo do choro.

Com os anos, a equipe da Califórnia construiu um aplicativo: Chatterbaby, disponível em Android e iPhone, que dá uma porcentagem com o motivo mais provável do choro. A base de dados de Chatterbaby têm milhares de exemplos e é capaz de distinguir entre dor (com 90% de êxito), inquietude (com 85% de êxito) e fome (com 60%). "Esse 60% é devido ao fato de que temos ainda pequenas amostras, mas como estamos continuamente treinando nossos algoritmos com dados novos, a precisão crescerá no futuro", diz Ariana Anderson.

A inteligência artificial busca distinguir o choro dos bebês

O método para classificar o choro dos bebês.

O processo de classificação de choros em Chatterbaby é delicado. O choro de dor é indiscutível: são tirados de punções em bebês feitas nas vacinas ou por agulha na orelha das meninas para colocar brincos. As outras duas categorias que no momento manejam - inquieto e faminto - têm controle de qualidade. "Primeiro são classificados pelos pais (geralmente a mãe). Então, outra mãe e eu escutamos um por um desses choros. Se as duas estamos de acordo, o choro é lançado em nossa base de dados. Se uma está em desacordo, é eliminado", explica Anderson.

A inteligência artificial busca distinguir o choro dos bebês

Separação, medo e cólicas - o próximo passo de Chatterbay.

A equipe de Anderson está quase pronta para apresentar outros tipos de prantos: separação, medo e cólicas são os próximos choros a entrar no app. "O que entendemos do desenvolvimento normal de bebês é que começam a sentir medo de separação entre 6 e 7 meses", diz a neonatóloga Diana Montoya Williams, da equipe californiana. Também informa que para cólicas ainda não dispõem de amostras suficientes. As pesquisas estão demonstrando que o choro de cólica é muito similar ao choro da punção feita em vacinas. Chatterbaby está procurando mais choros, principalmente de bebês até três meses, mas aceita choros de crianças até dois anos.

A inteligência artificial busca distinguir o choro dos bebês

Bebê brasileiro chora diferente de bebê norte americano?

Anderson afirma que "o bebê começa a ouvir a melodia da língua da mãe [quando está] no útero". Mas também explica que a base de dados de Chatterbaby é 80% internacional. A resposta à indagação é que efetivamente os bebês choram com linguagens variadas. Quanto a possíveis diferenças entre os sexos, Anderson afirma que não acredita que os meninos chorem diferente das meninas, mas que a equipe está pesquisando essa possível diferença.
Mas, Chatterbaby vem apresentando outros usos. Uma quantidade surpreendente de pais e mães surdos estão acorrendo a esse app. A equipe também pesquisa se será possível distinguir o choro de bebês autistas para que tenham um diagnóstico com poucos meses.
Pesquisando a opinião dos pais usuários desse app constata-se uma surpresa. A imensa maioria lhe concede cinco estrelas - nota máxima -, mas quase não há notas intermediárias, apenas a nota mínima de uma estrela. É possível que as notas mínimas venham de pais que estão com a tecnologia mais avançada do momento para entender seus filhos e que, acordados às três horas da madrugada, entendam o motivo do choro, mas nada possam fazer.

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