Afinal, a soja é da direita ou da esquerda?
Como a soja chegou ao Brasil? Quem trouxe as primeiras sementes dessa oleaginosa? Essas são indagações que ainda estão sem uma resposta conclusiva. Para muitos, a soja chegou ao Brasil em 1822. Nesse ano foram relatados os primeiros testes com algumas variedades no Estado da Bahia. Não se sabe mais nada dessa experiência inovadora dos baianos. De onde vieram essas variedades, quem as trouxe, a quais conclusões chegaram, foram plantadas por agricultores? São indagações que a história ainda não contou. Mas esse terreno fica ainda mais movediço. Os raros agricultores ou estudiosos atuais que se preocupam com a questão não desconhecem esse pioneirismo dos baianos, mas não lhe dão importância. Entendem que a soja têm como seu marco inicial em solo brasileiro nos estudos realizados na Estação Agropecuária de Campinas em 1901. Não é o que pensa a esquerda brasileira. Em seu livro "Pagu, Vida e Obra", um dos maiores nomes da literatura nacional, Augusto de Campos, conta que ouviu de Raul Bopp, outro importante nome da literatura e da diplomacia brasileira o seguinte relato: "A escritora Patricia Galvão, numa viagem ao Oriente, fez relações de amizade com Mme. Takahashi, casada com o Diretor da South Manchurian Railway. Com a influência de sua amiga, Pagu tinha fácil acesso ao Palácio de Hsingiking. Conversava informalmente com o jovem Imperador Puhy. Ambos pedalavam as bicicletas, dentro do parque amuralhado da residência imperial. Quando, numa de suas viagens a Cobe, Pagu me narrou o ambiente de familiaridade que existia em Hsingiking, pedi que ela procurasse arranjar com Puhy algumas sementes selecionadas de feijão-soja...". E Augusto de Campos continua a narrativa: "Logo, Bopp receberia, procedentes da Manchuria, dezenove saquinhos com semente de soja, que foram enviados ao Brasil e depositados em viveiros de aclimatação". Assim, a esquerda comemora a audácia de sua maior representante feminina da história nacional em conseguir a soja que chegaria ao Brasil. Há um pequeno episódio narrado pela Embrapa que, talvez, corrobore essa vinda da soja ao Brasil pelas mãos de Pagu. Diz o texto da Embrapa: "Um dos grandes incentivadores da cultura no Estado de São Paulo foi Henrique Löbbe, Diretor do Campo Experimental de Sementes de São Simão. em 1921 foram iniciadas naquele campo experimental as pesquisas com soja a partir de cinco variedades vindas da Manchuria".
Essas duas narrativas poderiam ser complementares, o problema está nas datas. Falta alguém para dirimir essa dualidade de entendimento. Alguém que se proponha a preencher os vazios que estão criados pela pobreza histórica. Não conseguimos nem mesmo contar a história do alimento que mais divisas traz ao Brasil.
Robôs sexuais e queimadas de sol: assim seria 2017.
Pelo menos quatro filmes dos anos 1980 mostram as delirantes predições de como seria 2017. Ano 2017. A burocracia é asfixiante. As relações sexuais entre humanos requerem um contrato prévio. Assim, os homens recorrem a robôs femininos para ter sexo. Os filmes são machistas. Não lembram que mulheres também poderiam ter sexo com robôs. A população dos EUA é tão grande que proíbem ter o segundo filho. Câmeras monitoram presos, inclusive seus sonhos. Castigam os reclusos que têm pensamentos proibidos. As máquinas adquiriram precisão para a leitura das mentes humanas. A comida, o petróleo e os recursos naturais são escassos. Um estado policialesco, dividido em zonas paramilitares, impõem a lei com mão de ferro. A televisão é controlada pelo governo. As portas não se abrem com chaves e sim com códigos numéricos. O café da manhã é preparado só com um grito: "Cozinha, tostada e café". A TV é acendida dizendo: "Canal 1".
Esse é, basicamente, o resumo de 4 filmes dos anos 80: "Cherry 2000", com Melanie Grifftih; "Barb Wire", com Pamela Anderson; "Fortaleza Infernal", com Christopher Lambert e " O sobrevivente", com Arnold Schwarzernegger. Não temos capacidade de predizer o futuro, ainda que essa seja uma prática cotidiana de todos os mortais. E muito menos de predizer o comportamento humano.
A.Saudita: confusas normas da segregação sexual.
Conta o sociólogo Abdul al Lily que a sociedade da Arábia Saudita se divide em dois domínios: um doméstico, "dentro da casa" e um público, "fora da casa". Ele explica como em geral o primeiro se associa com as mulheres e o segundo com os homens. A casa é feminina. A rua é masculina. Mas isso está ficando no passado. Já não há filas para homens e outra para mulheres no controle de passaportes. Os taxis, agora, podem ser dirigidos por mulheres e há muitos onde as mulheres se reúnem para cotizar a despesa da viagem. Os atuais taxistas estão preocupados com a nova concorrência. Mas a verdadeira disputa vem do Uber. E essa não é uma competição como a que ocorre nos demais países. Na Arábia Saudita virou moda as mulheres andarem de Uber para se conhecerem. Os carros Uber são um lugar de socialização feminino.
Ao chegar em um restaurante, vem confusão. Há uma entrada para homens solteiros e outra para famílias. E o que fazem as mulheres que começam ir sozinhas à rua? Inicialmente, os puritanos que estabeleceram a separação não contavam que as mulheres fossem sozinhas jantar ou tomar uma bebida - sem álcool - mas a realidade se impôs. Na região de "famílias", predominam as mulheres. Nos cafés a novidade estava vencendo a confusão. Há pouco, eram locais exclusivos para homens. Hoje, estão construindo espaços para homens e outro para mulheres. Nos cinemas e teatros, ainda há confusão. As mulheres que agora passaram a frequentar esses ambientes, sentam-se à direita. Homens, ficam à esquerda. Mas o centro é terra de ninguém, ou de confusão. Há homens e mulheres.
Contra tudo que uma estrangeira possa pensar, são, geralmente, as próprias mulheres que desejam alguma separação de sexos. Não há que buscar explicações complicadas. Depois de crescer em um sistema segregado, e no caso das famílias, onde só tinham contato com homens que fossem parentes em primeiro grau, para muitas é incomodo e inclusive difícil estabelecer uma relação de camaradagem.
A educação e as redes sociais estão mudando os códigos. Durante a ultima década, dezenas de milhares de sauditas - homens e mulheres - foram beneficiados com bolsas para estudar em países ocidentais. De volta, muitos relaxam a barreira invisível que os separa. Pouco a pouco, também nos escritórios estão desaparecendo as separações físicas. As regras estão em fase de transição. E como toda transição, é uma grande confusão.