As 3 inquietantes mutações do vírus que podem piorar pandemia
Os cientistas que vigiam a evolução do coronavírus estão inquietos. Depois da aparição de duas variantes aparentemente mais contagiosas, detectadas na Inglaterra e na África do Sul, um grupo de cientistas acaba de publicar a descrição de uma terceira variante em Manaus. Afirmam que a brasileira é relativamente similar às outras duas. Também sugerem uma possibilidade preocupante: que esteja ocorrendo uma evolução convergente. Esse é o fenômeno que fez com que os morcegos e as aves desenvolvessem asas de maneira independente há milhões de anos.
Uma só direção: mais transmissíveis e capazes de reinfectar.
Essa questão da evolução convergente pode significar no coronavírus que ele está mutando em lugares diferentes do mundo para uma mesma direção: versões mais transmissíveis e capazes de reinfectar algumas pessoas que tiveram a covid, segundo adverte a equipe do Imperial College de Londres, que também estudou a variante brasileira.
Nelly e Erik assombram os cientistas.
A nova variante, detectada em Manaus, apresenta uma combinação singular de mutações, mas não são elas que, por enquanto, estão assombrando os cientistas. A preocupação está em outras duas mutações já conhecidas dos cientistas, denominadas Nelly e Erik, pela similaridade com seus nomes técnicos: N501Y e E484K. São mutações que modificam a espícula do coronavírus, a chave que permite o vírus entrar nas células humanas. A mutação Nelly está presente nas três variantes inquietantes. A Erik está na África do Sul e no Brasil.
A Erik permite o vírus escapar dos anticorpos.
Um estudo realizado no Fred Hutchinson Cancer Center, nos EUA, sugeriu, há duas semanas, que a mutação Erik multiplica a capacidade do coronavírus de escapar dos anticorpos do plasma sanguíneo de alguns doadores que já tinham superado a covid. E um pequeno estudo levado a efeito na África do Sul indicou que as pessoas que já tinham passado pela infecção natural promovida pelo coronavírus poderiam reinfectar-se com a variante sul-africana. Vale ressaltar que esse é um estudo pendente de revisão. A variante britânica já foi encontrada em 40 países, calculam que é entre 30% a 50% mais transmissível. A brasileira, até agora, foi encontrada em 3 outros países. Não há um estudo de sua maior transmissibilidade.