As artes de Hitler e sua troupe
O nazismo também foi um movimento estético. Pregava que uma nova Alemanha surgiria, mais forte e bonita. Procurava artistas para se filiarem ao partido e lhes davam instrumentos. Hitler pintava aquarelas e com um amigo escreveu uma ópera. Seguia uma ideia do compositor Richard Wagner, o maior nome do romantismo alemão. a trama da ópera escrita por Hitler têm por base o medievalismo italiano. Mussolini, o ditador da Itália, era o grande nome a ser seguido naquela época. O protagonista é denominado Rienzi, um plebeu (como Hitler) que tenta restabelecer a Antiguidade Clássica Greco-Romana.
Hitler era diretor, cenógrafo e protagonista.
Hitler se imaginava como o artista-príncipe que restabeleceria o Classicismo. Um Rienzi. Era ele quem dirigia, fazia a cenografia e era o principal protagonista de seus comícios. Ele mesmo desenhou as bandeiras, estandartes, os uniformes e a aterrorizante suástica nazista.
Artistas no front.
Quando a guerra começou, Hitler enviou uma multidão de artistas aos fronts. A ideia era pintar as glórias do exército. Ele também contratou muitos escultores para erguer estátuas gigantescas, ideia copiada dos imperadores romanos. Uma dessas esculturas, é claro, era dele próprio e seria colocada no centro de Berlim. Hitler passava tempo considerável com o arquiteto Albert Speer, planejavam a grandiosidade da nova Berlim, que seria a capital da futura civilização.
Hitler tinha uma ideia peculiar sobre a arte. Assim como os arianos seriam a raça pura, os clássicos eram a arte pura. E a arte moderna, de acordo com o nazismo, seria a equivalente cultural dos "degenerados" judeus. É contra a arte moderna que Goebbels vocifera no trecho copiado pelo ex-secretário de cultura do governo federal.
Nas fileiras nazistas só os médicos venciam os artistas.
Está muito equivocado quem imagina que os déspotas de qualquer ideologia vivam sem artistas. Pelo contrário, a história está abarrotada de artistas vivendo do mecenato de ditadores e congêneres. As fileiras nazistas estavam cheias de artistas, mas a categoria profissional mais numerosa era a dos médicos. Tanto uns como os outros tinham um sonho em comum: aspiravam por uma sociedade mais "harmônica" (para os artistas) e mais "saudável" (para os médicos). A morte de todos os judeus, ciganos, negros, homossexuais, eslavos, esquerdistas (esqueceram dos indígenas) faria parte desse projeto estético de um mundo de arianos para arianos, mais harmonioso.