Islamismo domina universidades do Irã e marxismo, as ciências sociais no Brasil
Alcorão no Irã, Torah em Israel e Marx no Brasil
Qom é uma cidade do Irã. Localiza-se a 150 km de Teerã, a capital do país. Tem uma população estimada em pouco mais de 1 milhão de habitantes. É uma cidade sagrada do Xiismo, por ser o local do santuário de Fatema Maesume. Não confundir com a Fátima cristã. A Fatema dos mulçumanos é irmã do imã Ali ibn Musa Rida. Qom é o maior centro do Xiismo do mundo, também é o maior centro de ensino do Xiismo. Também é um importante centro de peregrinação dos mulçumanos xiitas.
O estudante falava persa com inflexão árabe clara e bem enunciada. Estava sentado com um grupo de seminaristas mulçumanos em um agradável pátio cercado de três níveis de arcadas de azulejos, entre tapetes e pilhas de livros, e onde a quietude era facilitada pelo canto dos pássaros. Um lugar idílico.
"Examinamos todas as outras religiões lógica e filosoficamente. Respeitamos todas as crenças e ideias. Mas logicamente tivemos de concluir que só o islamismo é certo. O Alcorão mostra o único caminho certo".
O campo de estudo desses seminaristas é amplo. Estudam dicção, astrologia, filosofia grega e medicina. Leem as obras de Avicena - médico e filósofo do século XI - mais de 1.000 anos atrás. Outro livro estudado é o "Nações e Religiões", compilado na Idade Média, usado para examinar os pontos fortes e fracos de outras religiões. Também leem Ibn Khaldun - um sábio árabe medieval, que em 1377, escreveu o "Muqaddimah", com alguma dose de sabedoria para aquela época, prega a lealdade partidária a um clã. E esse pensamento, clânico-partidário, ainda conta na política iraniana.
No Irã, esses estudos foram facilitados pela riqueza do petróleo, que proporciona renda regular sem requerer esforço. Os estudantes de Qom são como eruditos em gozo de longa licença-prêmio, perdendo tempo precioso, empenhados em estudos que levarão a nada. Mas eles são uma pequena minoria.
Mas se os estudos islâmicos realizados em Qom causam estupefação aos ocidentais, a quantidade de estudantes existente nas escolas rabínicas também impressiona - os israelenses calculam que 27% dos homens em idade ativa - adultos -
exclusivamente estudam as leis judaicas contidas na Torah - uma comparação grosseira diz que a Torah é a Bíblia dos judeus. São estudos que envolvem uma pedagogia debruçada sobre valores éticos e morais.
Mas a surpresa deve ser bem sopesada: em nossas universidades, os estudos marxistas ainda dominam as ciências sociais.
Turistas em segurança nas ruas de Teerã
Rua Firdausi, centro de Teerã, capital do Irã, logo de manhã, os cambistas abrem suas mercadorias. Malas cheias de dólares, cédulas paquistanesas e afegãs, tudo exposto na rua. Um senhor coloca pedras sobre pilhas de cédulas para que o vento não as leve. Nenhum policial à vista. A possibilidade de roubo é remota. A taxa de criminalidade no Irã é muito baixa, e o turista pode levar qualquer quantidade de dinheiro que desejar no bolso. Nada a ver com policiamento. Nada a ver com religião. Nada a ver com pobreza. No Irã, existe uma sociedade ligada por um forte aglutinante social. O tecido social é expressivamente forte e entrelaçado. As pessoas mantêm relacionamentos estreitos desde longas datas e os preservam. Uma bela lição de relacionamento social para todo tipo de teoria que prolifera no Brasil. Teorias, que na maioria das vezes, são copiadas dos Estados Unidos.
Feliz festa da incoerência
As festas nas residências iranianas são muito melhores que em muitos outros países. A proibição de bebida alcoólica, a exigência do chador, criam uma vida "posht-e pardeh" (atrás da cortina) muito mais excitante. Bebida não é difícil de ser encontrada, muito pelo contrário. Uma garrafa de Johnny Walker Black custa 30 dólares. As mulheres não apenas se vestem para ir a uma festa particular: elas se vestem, dançam e namoram à vontade - enfiadas em vestidos de cetim negro justos e os rostos muito maquilados. As festas não são apenas festas: são festivais de fruto proibido. Pobre da sociedade que insiste em aplainar as suas incoerências, ricas são aquelas que as admitem. É um verdadeiro show ver uma iraniana dançar em casa para convidados, exibindo seus ouros e joias, para mostrar que o marido está se saindo bem, e que ele a ama tanto a ponto de comprar joias
para ela. Alguns dizem que as iranianas têm a dança na genética, tal a importância que sempre lhe deram.
Santo graal: gordura combate obesidade
A gordura virou um palavrão e para combatê-la só existem torturas - fechar a boca para excesso de alimentos e exercícios dolorosos e cansativos. Mas a biologia não é tão simplista como a maioria pensa. Há poucos anos, os cientistas descobriram o “santo graal” da obesidade: a gordura marrom.
Os bebês, que ainda não desenvolveram capacidade de tremer para manter a temperatura corporal, dependem de grandes depósitos dessa gordura marrom. A gordura marrom é constituída por células marrons e, nelas, além de um pouco de gordura, existem usinas conhecidas como mitocôndrias, que queimam a gordura para gerar calor. E queimam a gordura de outro tipo - a branca, que não dispõe dessa capacidade de queima. Em resumo, a ciência sabe que os bebês têm gordura marrom que queima gordura branca.
Ciência descobre como estimular gordura marrom
Então, a ideia era a de encontrar a gordura marrom nos adultos e alguma forma de estimular o trabalho das mitocôndrias. Após uma série de reveses, encontraram a gordura tão procurada. Mas é pouca. No nosso corpo não há gordura marrom suficiente para fazer diferença em obesos. Recentemente, pesquisadores identificaram compostos que podem ativar a pouca gordura marrom que temos, sem a óbvia necessidade de nos colocarmos em temperaturas congelantes. Mas ainda falta quantidade.
Por mais paradoxal que pareça, a gordura pode se tornar um importante aliado na luta contra a obesidade.