Manaus, a primeira do mundo a alcançar a imunidade de rebanho
Conquistou manchetes no início da pandemia a ideia da imunidade de rebanho. Chegaria um momento em que 60 a 70% da população de uma cidade tivesse sido infectada pelo coronavírus produzindo o desaparecimento da doença. Logo, os cientistas perceberam que a mortandade seria tão elevada que ninguém poderia almejar a ideia de imunidade de rebanho. E assim ocorreu em todas as cidades do mundo. Nenhuma queria deter a pandemia à custa de tantas mortes. Manaus parece ser a única exceção mundial.
Opção: não fazer nada.
No centro populacional e financeiro do rio Amazonas está Manaus. Com seus 2 milhões de habitantes, resolveu fazer o mais simples dos procedimentos contra a covid-19: não fazer nada ou quase nada. Depois de um pico montanhoso de mortes nos primeiros meses, estarrecendo o mundo, um sobe e desce de infectados continuou. O caso Manaus oferece lições importantes, e merece estudos aprofundados.
Estudo de cientistas brasileiros e britânicos oferece uma resposta.
Manaus é uma das poucas cidades do Brasil em que é obrigatório guardar amostras de sangue doados para estudos futuros. Essa organização de sangue doado permitiu a cientistas brasileiros e britânicos concluir um estudo importante. Buscaram anticorpos nessas amostras guardadas nas distintas datas relevantes para a evolução da pandemia. Concluíram que a assombrosa redução das últimas semanas de casos de covid-19 se deve ao fato de que a cada três manauenses, dois tiveram a doença.
Quatro vezes mais mortes que em Campo Grande.
Aproximadamente 66% da população de Manaus teve a doença. Essa pesquisa ainda necessita ser referendada por outros cientistas independentes. Mas vem chamando a atenção mundial. O custo em vidas é inaceitável. São mais de 4.000 mortos em uma cidade de 2 milhões de habitantes. Algo como quatro vezes mais mortes que em Campo Grande (que pouco fez para controlar a pandemia).