Para onde vão os insetos durante o inverno?
Primavera, época das flores... e do retorno dos insetos. Os cuidados sanitários contra a dengue são retomados. Voltamos a compartilhar nossos espaços com legiões de criaturas de seis ou mais patas, que podem chegar a exasperar-nos. Todavia, quando retornarmos aos meses frios, a imensa maioria desaparece misteriosamente. E ressurgem, por magia, na primavera seguinte. Mas, onde se ocultam durante o inverno? Simplesmente morrem? Como conseguem imergir de suas cinzas quando o calor retorna?
Voando para evitar o frio.
A resposta não é tão simples. Não existe uma solução comum para os insetos salvarem-se dos meses frios. Alguns tratam de fugir do frio. Outros, suportam o congelamento e vivem para contar quando chega o calor. Entre os que fogem do frio, a alternativa é migrar para regiões mais quentes. O mais famoso exemplo é o das mariposas monarcas que voam milhares de quilômetros para zonas mais cálidas. A maioria dos insetos, considerados pragas agrícolas, seguem o mesmo caminho. Voam para lugares tradicionalmente quentes.
Suportando o frio.
São mais abundantes os que ficam no mesmo local enfrentando o frio. As abelhas se apinham na colmeia para escapar das intempéries e conservar o calor. Formam camadas de abelhas, umas grudadas nas outras. As formigas se encaminham para os lugares mais profundos do formigueiro e tamponam a entrada com restos vegetais.
Uma revolução química no corpo.
A diminuição das horas com luz faz saltar um alarma no relógio biológico dos insetos. Para muitos deles a ordem é entrar em "diapausa", um estado que reduz seu metabolismo, detém o desenvolvimento e mobiliza suas reservas de gordura para mantê-los com vida. A exposição ao frio dispara nos insetos uma revolução química. Numerosas espécies perde parte de sua água corporal e a substitui por glicerol, um anticongelante natural que impede a formação dos destrutivos cristais de gelo.
Além do glicerol, os insetos são capazes de produzir outros compostos químicos que recebem o nome genérico de crioprotetores. As espécies que podem congelar sem morrer produzem as chamadas "proteínas nucleadoras do gelo". Elas controlam a formação dos cristais de gelo para que eles não arrebentem suas células.
Morte ou ovos, o grito de glória dos insetos.
O certo é que uma das soluções mais frequentes entre os insetos é simplesmente morrer. Isso só ocorre quando eles já estão seguros de que sua descendência está garantida através da formação de ovos. O grito de glória dos insetos é: morte ou ovos! Mas também há aqueles que deixam suas larvas ou pupas antes de morrer. Todas as três formas imaturas de vida - ovo, larva ou pupa - resistem bem ao inverno com a ajuda de anticongelantes e estão protegidas em ocos de árvores, embaixo de pedras ou enterradas no solo.
Nova descoberta do funcionamento das proteínas anticongelantes.
Os segredos da vida dos insetos durante o inverno ainda estão surpreendendo os cientistas. Recentemente, as Universidades da Califórnia e de Utah descobriram que as proteínas anticongelantes não formam uma camada para impedir o crescimento de uma camada de gelo. Não formam uma espécie de sanduíche que acreditavam até há pouco. O funcionamento dessas proteínas é bem diferente. Elas se aderem ao gelo em formação para impedir o crescimento. Funcionam como uma cola dentro do gelo. Essa descoberta está sendo levada para a indústria de alimentos congelados, para a conservação de órgãos para transplante e para o degelo dos aviões. Ainda temos muito a aprender com eles.