Uma luz bruxuleante, antes da energia, os lampiões dominavam
Quem tem mais de sessenta anos, certamente conviveu com os lampiões a querosene. Ainda que as casas e as ruas fossem iluminadas pela luz elétrica, no Mato Grosso do Sul, todos tinham alguns lampiões a querosene para garantir a iluminação. A luz elétrica era inconstante, raros dias em que ela não desaparecia como por encanto. Mas como surgiram os lampiões a querosene?
Mistério, o petróleo sumiu no Ocidente.
O uso do petróleo teve uma historia longa e variada no Oriente Médio. Contudo, de modo misterioso o conhecimento de sua aplicação perdeu-se para o Ocidente por longos séculos. A única explicação plausível para esse desaparecimento foi a queda do Império Romano, onde quase todos os conhecimentos sumiram.
Refinamento do petróleo no Ocidente.
No final da Idade Média, algumas cidades europeias aprenderam a refinar o petróleo. Na Sicília, Bavária, Alsácia, Hannover e, principalmente, na Galícia dos espanhóis, a tecnologia da refinação do petróleo foi ensinada pelos árabes. Na maioria desses locais, era utilizado apenas como medicamento (um veneno mortal) por padres e poucos médicos. Essa prática desumana só se modificaria com a construção de uma pequena industria para refinar petróleo na Galícia.
Construindo um lampião na Ucrânia.
Foi em uma cidade ucraniana, denominada Lvov, que um farmacêutico uniu-se a um encanador para inventar, em 1.854, o primeiro lampião a querosene. Era um produto barato e conquistou fama. Nesse mesmo ano, o querosene passou a ser um produto importante em Viena. Ao mesmo tempo, o negocio do querosene tornou-se a grande riqueza da Galícia, com mais de 150 cidades envolvidas na mineração de petróleo. Estimam que produziam 36 mil barris de querosene anualmente.
O lampião que veio ao Brasil era vienense.
Os lampiões de Lvov tendiam a se tornar enfumaçados e o querosene desprendido tinha um cheiro ácido. Um vendedor vienense soube desse lampião e aperfeiçoou o aparelho. Com o sucesso obtido, encontrou outro vendedor de N.York e passou a exportá-los para os Estados Unidos. Apesar de seu design ter sofrido sucessivas alterações, esse lampião vienense seria o primeiro a chegar no Brasil, onde passou não por melhorias, mas por simplificações, para torná-lo ainda mais barato e ser vendido para todas as residências.
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