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A ressignificação do convívio com familiares no final de ano

Por Lia Rodrigues Alcaraz (*) | 23/12/2024 09:31

As festas de final de ano, como o Natal, são tradicionalmente associadas a momentos de união, alegria e celebração. No entanto, para muitas pessoas, esses encontros familiares podem se transformar em fontes de tensão, desconforto e até mesmo conflitos. Nesse contexto, surge a necessidade de ressignificar esses momentos, transformando-os em oportunidades para o fortalecimento das relações e o crescimento pessoal.

Um dos principais desafios dos encontros familiares é a convivência com diferentes personalidades, crenças e valores, pois cada família vai formando a sua família com suas regras e costumes, então, diferenças de opinião, expectativas não correspondidas e dinâmicas familiares desgastadas frequentemente geram um ambiente que contrasta com a atmosfera festiva esperada. Muitas vezes, as interações são permeadas por discussões, cobranças ou julgamentos que podem ressuscitar mágoas antigas.

Para além disso, a idealização das festas de final de ano, frequentemente retratada em mídias e redes sociais, contribui para a frustração quando a realidade não corresponde ao imaginado. Isso pode levar a um ciclo de estresse e desapontamento, afastando as pessoas do verdadeiro propósito desses momentos, que é a celebração da conexão e do afeto.

Para ressignificar esses encontros, é fundamental adotar uma postura consciente e proativa, primeiramente, é necessário ajustar as expectativas, reconhecendo que nenhuma família é perfeita e que momentos de discordância são naturais e não devem ser exaltados, a aceitação das diferenças, acompanhada de empatia, é um passo crucial para transformar potenciais conflitos em diálogos construtivos. Além disso, focar em atividades que promovam a união, como jogos, refeições compartilhadas ou lembranças de histórias do passado, pode ajudar a fortalecer os laços.

Outro aspecto importante é o autocuidado emocional. Antes de participar de um encontro familiar, é útil refletir sobre seus próprios limites e necessidades. Estar preparado para lidar com situações desconfortáveis e, se necessário, estabelecer limites claros, pode ser essencial para manter o bem-estar. Além disso, cultivar práticas de gratidão e valorizar os aspectos positivos de estar com a família, mesmo em meio às dificuldades, pode trazer leveza e significado às celebrações.

Não é uma tarefa fácil, mas, ressignificar os encontros familiares durante as festas de final de ano é um convite ao amadurecimento emocional. É uma oportunidade para reconhecer a complexidade das relações humanas, praticar o perdão e buscar momentos genuínos de conexão. Embora desafiadores, esses encontros têm o potencial de fortalecer os vínculos e criar memórias valiosas, desde que sejam abordados com empatia, paciência e disposição para o diálogo. Dessa forma, é possível transformar o "movimento ruim" em um espaço de aprendizado e crescimento mútuo, resgatando o verdadeiro espírito das celebrações.

(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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