Mudanças climáticas e a saúde mental
As mudanças climáticas têm implicações significativas para a saúde mental, tanto direta quanto indiretamente, sim, as condições climáticas, como frio intenso, calor extremo e tempo seco, podem influenciar o estado de saúde mental das pessoas de várias maneiras. Também é importante pensar que a relação entre clima e saúde mental é complexa e pode depender de fatores individuais, como a tolerância pessoal ao clima, histórico de saúde mental, apoio social e contexto cultural. Além disso, as intervenções para promover a saúde mental em diferentes condições climáticas podem variar, e é crucial considerar estratégias específicas para cada cenário.
Estamos vivendo uma onda de calor extremo, mas as mudanças climáticas não atingem apenas uma estação do ano, neste momento o Brasil vive uma onda de calor provocada pelo El Niño, que de acordo com o Inmet é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, podendo se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial. O fenômeno ocorre quando os ventos alísios, que são ventos vindo do Hemisfério Norte e Sul e se encontram e seguem do Leste para o Oeste do planeta terra, quando os ventos ficam fracos eles não conseguem resfriar a temperatura do oceano pacífico as temperaturas quentes permanecem e aumentam causando o fenômeno.
Toda essa mudança de forma drástica e rápida afeta de forma importante nas nossas relações pessoais, pois afetam nosso humor, a nossa qualidade de vida, nossas necessidades básicas, como dormir, comer e manter o corpo hidratado. É bem comum perceber as pessoas mais irritadiças e cansadas em períodos de temperaturas altas, o estresse térmico, como é chamado, leva ao desconforto físico e fadiga, o que, por sua vez, pode contribuir para o estresse mental, a agressão e irritabilidade também são sintomas típicos, algumas pesquisas sugerem que altas temperaturas podem estar associadas a um aumento na agressão e irritabilidade, o que pode ter implicações na dinâmica social e, consequentemente, também na saúde mental.
Não apenas nas temperaturas altas que o nosso corpo e mente reagem de forma negativa, mas no frio extremo também é observada mudanças comportamentais devido ao clima, em países em que o frio é mais constante sintomas como retraimento, isolamento social e sentimentos de solidão e depressão podem aumentar. Assim como em condições de tempo seco, a qualidade do ar pode ser afetada, aumentando a incidência de problemas respiratórios, e pode levar a desconforto físico, como pele seca e lábios rachados, o que pode contribuir para sentimentos de desconforto e insatisfação. Esses problemas podem impactar a qualidade de vida, e saúde mental.
É importante notar que a relação entre clima e saúde mental pode depender de fatores individuais, como a tolerância pessoal ao clima, histórico de saúde mental, apoio social e contexto cultural. Além disso, as intervenções para promover a saúde mental em diferentes condições climáticas podem variar, e é crucial considerar estratégias específicas para cada cenário e entender que a saúde mental deve sempre ser priorizada e vista, pois as condições de tudo sempre podem mudar e nos afetar mesmo que de forma inconsciente.
(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.
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