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Corredor Azul

Jovens indígenas unem antigos saberes a novos conhecimentos

Wetlands International Brasil | 15/08/2020 07:38
Foto Arquivo Programa Corredor Azul
Foto Arquivo Programa Corredor Azul

Muito se deve aos povos indígenas por manejarem os recursos naturais de maneira amistosa, aplicando estratégias de uso desses recursos de modo a não alterar os princípios de funcionamento e não colocar em risco as condições deste meio, mesmo transformando de maneira durável seu ambiente.

Não diferente desses preceitos funciona o Território Indígena Kadiwéu, por exemplo, localizado na região de Porto Murtinho, Pantanal sul-mato-grossense. São 540 mil hectares de área prioritária para conservação que abriga cerca de 1.200 indígenas. O direito a essa área foi adquirido desde 1899, quando ficou determinado a medição do território que seria destinado a eles.

Mesmo mantendo e transmitindo sua cultura, tradição e valores de geração a geração, hoje os mais jovens vem adquirindo conhecimentos até de fora da aldeia para ajudar na tomada de decisões de seus povos, seja dentro de suas terras e para ações ligadas ao Governo.

No território Kadiwéu há 6 anos existe uma brigada de incêndio formada pelos indígenas, que são treinados e contratados pelo programa PrevFogo, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A contratação é temporária, com duração de 6 meses, durante a seca do Pantanal.

Em tempos que o bioma passa por recordes históricos no registro de queimadas, o conhecimento profundo sobre seu próprio território, aliado à tecnologia de satélites e equipamentos de combate ao fogo faz com que os brigadistas indígenas se destaquem enquanto a chuva não chega.

Ganhando o mundo

E não é somente dentro de seus territórios que os jovens indígenas vêm conquistando espaço. Recentemente o advogado Luiz Henrique Eloy Amado, mais conhecido como Eloy Terena, por conta de sua etnia, de 32 anos, foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) defender uma ação em nome da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e se tornou o primeiro advogado autodeclarado indígena a representar seus povos perante o Supremo.

Ele ainda fez mais, venceu a ação, entrando de vez para a história e obrigando o Governo Federal a adotar medidas de proteção aos povos indígenas quanto ao risco de exposição ao novo Coronavírus, que tem colocado diversas aldeias do país em alerta, inclusive com registros de mortes. Atualmente Eloy faz pós-doutorado em Paris, na Universidade de Sorbonne, um dos centros de ciências humanas mais antigos do mundo.

Nessa Semana Internacional da Juventude viemos destacar os jovens indígenas, que atuam e representam cada vez mais suas etnias, além de envolverem-se proativamente nas decisões de seus territórios. Em suas aldeias há um crescente incentivo para a profissionalização por seus pares, para que seja somado aos saberes tradicionais e assim possam lutar com mais força pelos seus direitos.

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