Associação de Moradores vira alojamento para pedreiros e revolta comunidade
Trabalhadores do Nordeste trazidos por empreiteira de SP devem ficar seis meses no local
Alugada para empreiteira, a sede da Associação de Moradores do Tarumã virou "alojamento" provisório para trabalhadores trazidos do Nordeste para trabalhar na construção de um atacadista, em Campo Grande. O acordo feito entre a presidente do bairro, Carina Salomão, e a construtura revoltou parte da comunidade. Moradores que antes usufruíam do espaço questionam se a atitude é legal.
O empresário Francisco dos Santos afirma que a Associação de Moradores atendia a população carente da região. Após a nova presidente do bairro assumir o local, ele passou a ser alugado como moradia para trabalhadores da obra. "O local é público, tem parquinho e quadra de esporte para as crianças, além das atividades para as mulheres. Tudo foi cancelado sem avisar. Os pais ficam com medo de deixar os menores brincando aqui pelo fato da movimentação de homens, e aos fim de semana, tem o consumo de bebida alcoólica", revelou.
Equipe do Campo Grande News foi até o endereço, na Rua Acaia, e verificou que de fato a estrutura está sendo usada como moradia para os pedreiros e serventes que vieram de fora do Estado.
Um dos inquilinos, que preferiu não se identificar com medo de perder o emprego, afirma ser funcionário da Pietra Uno Engenharia, empreiteira de Mirassol, no interior de São Paulo. O trabalhador contou que faz parte de um grupo de 50 empregados da construtora que permanecerá por seis meses na sede da Associação de Moradores do Tarumã. Sobre o aluguel, o homem revelou que o acordo foi feito entre a empresa e a presidente do bairro.
Carina Salomão, a presidente do bairro, justifica que a sede da associação não pertence ao poder público e o dinheiro arrecadado com o aluguel será usado para reformar o local. "Nós pagamos água, luz e a manutenção do local sem ajuda nenhuma. Para refazer a fiação elétrica [após furto], precisamos fazer bingos e rifas", ressaltou.
Segundo Carina, o local está alugado por seis meses mediante contrato com a empresa responsável pelos funcionários. O acordo inclui o uso da mão de obra dos trabalhadores para a reforma do local e a receita do aluguel será usado para a compra de material e término das manutenções necessárias no local.
A representante do bairro alegou ainda que fez empréstimos para consertar o encanamento da associação e precisa pagá-los agora. "Quando assumi, o local estava abandonado, era uma verdadeira cracolândia, os moradores não tinham paz. Até estupro já tinha acontecido ali".
Morador que reside em frente à associação, Adevaldo de Oliveira diz não se importar com o destino provisório dado à associação. Ele disse que não tem problemas com os trabalhadores que moram ali e que a convivência no entorno da associação até melhorou. "Tinha movimentação de usuários de drogas, pessoas consumiam e vendiam entorpecentes livremente. Hoje, com a presença dos funcionários, a situação mudou".
E o poder público? - A Prefeitura de Campo Grande explicou que existem na Capital vários centros comunitários organizados em áreas públicas, mas também existem aqueles que estão em terrenos particulares.
A administração municipal esclarece ainda que mesmo em caso de centros comunitários instalados em áreas cedidas, a associação tem o direito de usar o espaço como melhor entender, mas também os deveres.
Em caso de irregularidade, cabe aos moradores (associados) cobrarem da diretoria caso a utilização contrarie regras estabelecidas em um estatuto, por exemplo. A direção pode até ser destituída.
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