Chamado “Mão do Braz”, monumento é homenagem aos colonos
Quem conhece Dourados, que no dia 20 deste mês comemora 80 anos de emancipação, sabe identificar a cidade pelo monumento no encontro da BR-163 com o prolongamento da Avenida Marcelino Pires. Chamado por muitos e até em propagandas em emissoras de rádio, de “Mão do Braz”, o cartão-postal da cidade é o Monumento ao Colono, “a história cravada em concreto”, segundo seu idealizador, o arquiteto Luiz Carlos Ribeiro. Trata-se de uma homenagem aos agricultores da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, criada no governo de Getúlio Vargas.
O apelido “Mão do Braz” se explica: o monumento foi construído na primeira administração do ex-prefeito Braz Melo (1989-1992), até agora apontada por muitos como “a melhor gestão pública” da segunda maior cidade de MS – ao contrário da segunda (1997-2000), considerada um “desastre”.
Monumento ao trabalho – “Em 1991, a louvável iniciativa da administração municipal em prestar a merecida homenagem a uma grandiosa e pouco lembrada página de nossa história, colocou-nos um grande desafio, pois, na qualidade de oficial da arquitetura e filho adotivo de Dourados, haveríamos de resumir numa só obra décadas de lutas, trabalho, sofrimentos e glorias de um povo, que por seus sonhos e obstinação, nos legou todo um presente de desenvolvimento concretizado e um futuro de inexorável progresso e bem estar social”, escreveu ao Campo Grande News o arquiteto Luiz Carlos Ribeiro.
Segundo ele, o trabalho procurou reunir fragmentos dessa história, “sintetizando-a num marco/monumento que expressasse em si, para as gerações futuras, o que foi nosso passado, apontando para o futuro a uma história que ainda haveremos de escrevê-la com nossas mãos, concretizando atitudes e desejos através do trabalho, como foi no passado, é no presente e será no futuro”.
Para Luiz Carlos Ribeiro, antigo militante comunista e um dos principais expoentes do PPS (Partido Popular Socialista) em Dourados, o Monumento ao Colono é um marco para não se perder a raiz do desenvolvimento da região.
Mãos saindo da terra – “Essa obra é uma representação escultural do colono e seu trabalho com braços e mãos saindo da terra, membros executados em concreto aparente como se estivessem retirando do chão o que a terra produz e içando para os céus o fruto deste trabalho representado por lâminas de concreto aparente”, explica ele, numa mistura de poesia com termos da arquitetura.
O arquiteto explica, de forma técnica, o que significa o monumento: “Tornava-se necessário que nesta obra estivesse presente também o que foi a Colônia Federal de Dourados. Para tanto criamos a ideia da curvatura da terra com um aterro gramado e em sua saia imprimimos em concreto o mapa da Colônia Federal, fincando para cada aglomerado urbano hoje existente na área uma floreira, também em concreto, com vegetação da região com os nomes destas cidades e vilas”.
Ribeiro remete a Braz Melo a responsabilidade pela homenagem: “Ao prefeito Antônio Braz Melo devemos nós, cidadãos, a perpetuação da monumental história de um povo, a implantação do Monumento ao Colono”.