Com crise do gás, acionamento de térmicas pode salvar finanças de MS
Desde janeiro, quando a Petrobras mudou sua política de importação de gás natural, o governo de Mato Grosso do Sul enfrenta uma grave crise financeira. Com a estatal priorizando o gás nacional e os trâmites demorados para a retomada da compra, o governo agora vê nas termelétricas, a chance de amenizar o rombo nas finanças.
Mato Grosso do Sul tem duas térmicas, que são usinas movidas a gás natural e geram energia elétrica para o SIN (Sistema Integrado Nacional), a Willian Arjona localizada em Campo Grande e a Luis Carlos Prestes que está em Três Lagoas e pertence a Petrobras. Elas são acionadas quando as hidrelétricas precisam de ajuda para abastecer o país.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informou no início do mês que o país terá bandeira tarifária vermelha durante os próximos meses, e térmicas já foram acionadas no fim de março. A presidente do Concen (Conselho dos Consumidores da Área de Concessão da Energisa-MS), Rosimeire Cecília da Costa, afirma que a tendência é que as termicas de MS também sejam ligadas nos próximos meses.
"A por mais que os reservatórios estejam abastecidos na região sul, no nordeste há problemas com falta de água, por isso é necessário continuar economizando", afirma ela ao lembrar que apesar de ser bom para o governo, o acionamento das térmicas é caro para o consumidor.
O secretário de Estado Jaime Veruck, afirma que a importação de gás natural boliviano que chegou ao patamar mínimo de 11 milhões metros cúbicos em janeiro, teve um aumento em março chegando a 23,9 milhões de cúbitos e as térmicas podem complementar o restante. O contrato mensal da Petrobras com a Bolívia é de 30 milhões de m³ por mês.
"Infelizmente a térmica é mais cara que a hídrica, mas se ela sustentasse o gás seria bom para nós. Se as duas térmicas começassem a funcionar iria ajudar muito o Estado", afirma o titular da Semagro (Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Crise - O contrato com a Bolívia prevê bombeamento de 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, que deveriam render cerca de R$ 103 milhões por mês de ICMS a Mato Grosso do Sul. Em janeiro deste ano a Petrobras bombeou 11 milhões de metros cúbicos e o Estado arrecadou R$ 38 milhões, quando, segundo o contrato, deveria ter bombeado no mínimo 24 milhões e ter gerado mais que o dobro do valor ao Estado.