Cresce abate de novilho precoce, mas custo da produção preocupa criador
Principal produto para garantir qualidade da carne, o milho teve alta de 70% no preço em um ano
O número de abates de bovinos caiu em 2015 no Mato Grosso do Sul. Em contrapartida, um grupo de produtores associados conseguiu elevar a produção de novilho precoce, que é um animal novo, porém com peso e acabamento ideal para ser considerado de excelente qualidade para o abate.
Os pecuaristas da ASPNP (Associação Sul Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce) abateram no total 171,1 mil cabeças, volume 18,87% superior ao abatido em 2014, que foi de 143,9 mil.
O acréscimo, em um momento em que o Estado reduziu o abate de modo geral, se deve a articulação que há entre esses produtores e o empenho no uso de tecnologias para monitorar o rebanho, segundo o presidente da entidade, Carlos Furlan. Outro fator que impulsionou o abate de novilhos foi a criação de um polo em Santa Rita do Pardo, com número expressivo de produtores assistidos pela associação.
“Os números aumentaram pela união entre os pecuaristas, que trocam informações, frequentemente. Além disso, nossos técnicos visitam as fazendas ajudando os produtores em qualquer dificuldade para garantir que o rebanho atinja a qualidade para ser considerado um novilho precoce. Já o abate de bovinos no Estado caiu, porque teve o aumento da integração entre lavoura, pecuária e floresta”, explicou o presidente da ASPNP.
Vantagem – Por meio de parcerias, a associação consegue melhores condições para negociação. Os 383 associados ganham bônus de R$ 3,23 na arroba da fêmea e R$ 3,20 na arroba do macho, que são considerados novilho precoce, ou seja, com até 30 meses de idade e pelo menos 3 milímetros de gordura. Os machos têm que ter mais de 15 quilos e as fêmeas, mais de 12 quilos para que o pecuarista tenha a vantagem no preço pago pelos frigoríficos ou supermercados.
Atualmente, a Novilho Precoce tem parceria com o Walmart, fornecendo para a marca própria Casa da Carne; além do Carrefour e indústrias JBS e Naturafrig. Do total oferecido por esses produtores, cerca de 70% foram animais tipificados como novilho precoce, que rederam acréscimo no preço pago pela arroba.
Desafios – O número de abates foi recorde em 2015, mas a preocupação dos pecuaristas é mais com a qualidade do que com o volume abatido. “A gente não quer quebrar recorde, mas sim ter qualidade do nosso produto, que é colocado à apreciação da indústria e do mercado”, destacou Carlos.
A capa de gordura ao redor do novilho, que tem que ser de 3 milímetros, não é algo simples de se conseguir, segundo o superintendente da ASPNP, Klauss Machareth. “A carne do novilho precoce é diferente, dá para sentir a diferença no consumo. O animal precisa de energia para ter uma capa de gordura suficiente para proteger a carne da câmara fria e para isso, precisamos do milho na alimentação”, explicou Klauss.
Além do desafio de manter os produtores cada vez mais interessados na produção de carne com qualidade superior, os preços do milho preocupam o setor. Em fevereiro de 2015, a saca do grão com 60 quilos era vendida pelo preço médio de R$ 20. Agora, a saca chega a R$ 34, na região sul de MS, conforme a cotação disponibilizada pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
A valorização do milho é de 70%, na comparação entre os dois períodos. “Nosso grande desafio em 2016 será com os custos. Vai ser um ano difícil no quesito nutrição, por causa do milho”, disse Carlos, ao destacar que ainda assim a associação espera manter o número de pecuaristas interessados na produção do novilho precoce.