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Economia

Desemprego avança em Corumbá e cidade fica em 73ª na criação de vagas

Hoje o que movimenta a economia é o comércio, sustentado pelas compras dos bolivianos

Rosana Siqueira | 07/02/2020 09:23
No Centro de Corumbá, comércio é o que movimenta a cidade. (Foto: Paulo Francis)
No Centro de Corumbá, comércio é o que movimenta a cidade. (Foto: Paulo Francis)

Corumbá já foi um dos mais prósperos em Mato Grosso do Sul, o terceiro na economia estadual e com PIB de R$ 2 bilhões no ano passado, segundo o IBGE. Mas as coisas mudaram. Hoje, o município amarga índice crescente de desemprego e falta de oportunidades de trabalho.

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), no ano de 2019, Corumbá teve 6.016 admissões e 6.057 demissões, gerando um saldo negativo de 41 vagas. Na lista dos 79 municípios sul-mato-grossenses, a cidade ficou em 73ª na criação de vagas. O resultado é agravado pela falta de políticas públicas para a geração de renda e incremento nas ações de turismo. Somente em dezembro foram 316 postos de trabalho extintos.

Um dos poucos setores, que ainda gera emprego no município é o comércio e mesmo assim depende quase que 30% das compras dos bolivianos. “O comércio está parado e os bolivianos são os que sustentam aqui vindo fazer as compras. Mesmo assim a expectativa não é das melhores”, destaca o presidente da Associação Comercial de Corumbá, Lourival Vieira Costa.

Ele confirma que o fechamento das siderúrgicas fez do comércio o setor que mais tem vagas atualmente. “Com certeza é o comércio que tem mais vagas. Além disso tem as mineradoras, mas aí são poucos empregos assim como a pecuária Nossa expectativa é que haja uma melhora nestes índices em março e o País retome este crescimento”, acrescenta.

EconomiaA realidade que se observa hoje na "Capital do Pantanal" é bem diferente dos índices do passado. Em 2008, Corumbá era o principal exportador de Mato Grosso do Sul e foi considerada a cidade mais dinâmica do Estado e a 86ª dentre as 300 mais dinâmicas de todo o País, conforme o Atlas do Mercado Brasileiro 2008, da Gazeta Mercantil.

Atualmente o setor industrial é incipiente, mas a arrecadação gerada por ele ainda supera os setores de pecuária e agricultura. Na indústria de transformação, o município produz cimento, calcário, laticínios e os estaleiros. Segundo o IBGE, Corumbá tem 98 indústrias de transformação, os principais ramos são: indústria extrativa, entreposto de pescado, frigorífico de bovinos, produção de cimento, produção de concreto, calcário, mineradoras, metalúrgica, produtos alimentícios, minerais não metálicos, editorial e gráfica, madeira, perfumaria, sabões e velas, álcool etílico e vinagre. Mas os empregos são poucos.

Outra atividade industrial importante é a extração mineral (ferro e manganês, além de calcário e areia para a fabricação de cimento). Mesmo assim, quase não se agrega valor a estes produtos que são apenas lavados no caso do minério e exportados.

Sem credibilidade - “O comércio ainda é o que sustenta a cidade, os bolivianos que vem aqui todo final de semana fazer compras nos supermercados”, afirma um dos principais opositores do prefeito Marcelo Iunes (PSDB), o vereador de Corumbá, Gabriel Alves de Oliveira, do MDB. Ele lembra que o que segura a economia ainda é o setor terciário, principalmente, com abertura de grandes supermercados que atraem os bolivianos para as compras no município com a desvalorização do real.

“Não temos nada de atração de indústrias porque a atual gestão não tem credibilidade em nível estadual e federal para buscar investimentos na cidade”, criticou. Ele também cobra a recuperação de atrativos turísticos do município como o Cristo Rei do Pantanal, que precisa de reparos para atrair visitantes e movimentarem a economia. “O monumento está estragado, a via sacra destruída, a casa do massa barro não existe mais. O projeto foi abandonado. Ninguém produz mais nada tá tudo parado”, relata.

Outro ponto questionado é a questão do setor portuário. “Este segmento era bem mais forte e hoje até os terminais estão migrando para Porto Murtinho, que está dando um baile na gente. A gente está perdendo investimentos”, finalizou.

Resposta- A Prefeitura de Corumbá alega ter adotado medidas para fomentar a criação de empregos formais na cidade, mas cita apenas duas novas ações: a retomada do Festival Internacional da Pesca, marcado para primeira semana de abril e a aprovação, em 2018, de lei que dá descontos nos impostos municipais para empresas conforme a quantidade de trabalhadores contratados.

"Após essa medida, duas empresas atacadistas foram abertas no município e atualmente empregam, juntos, cerca de 300 pessoas", informa a assessoria da prefeitura de Corumbá.

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