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Economia

Empresa demite 100, desativa postos e ameaça abastecimento em MS

Liana Feitosa e Priscilla Peres | 14/05/2015 12:27
Para empresa, "houve necessidade de ajuste em suas operações da métrica norte". (Foto: Divulgação ALL)
Para empresa, "houve necessidade de ajuste em suas operações da métrica norte". (Foto: Divulgação ALL)

A Rumo ALL, responsável pela administração da malha ferroviária de Mato Grosso do Sul, demitiu 100 funcionários nos últimos meses e cogita encerrar as atividades no trecho que liga Corumbá a Bauru (SP), no próximo dia 22 de maio. A suspensão do trabalho compromete o escoamento da produção estadual, as exportações e sobrecarrega ainda mais o transporte rodoviário.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias, além de trechos já desativados, está previsto o encerramento das atividades da empresa em outros locais. Para tentar impedir que isso aconteça, o governo do Estado está intercedendo junto a Rumo ALL por meio de reuniões já agendadas para o fim deste mês.

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaime Verruck, afirma que a situação é preocupante, pois pode envolver desabastecimento generalizado do escoamento da produção do Estado. "Caso as informações de fechamentos sejam reais, o governo do Estado tem total interesse de evitar isso. Temos posição clara: não vamos permitir desativação. Vamos, sim, pedir que a Rumo intensifique os investimentos em transporte ferroviário no Estado", afirmou o secretário.

Para Verruck o setor passa por uma crise, intensificada após a fusão da Rumo Logística com a ALL (América Latina Logística), aprovada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em novembro de 2014.

Preocupação - De acordo com o secretário, o cenário foi apresentado, inicialmente, em reunião com o sindicato. "Estamos preocupados, mas esperamos que a Rumo apresente plano de investimento para o Estado nessa reunião, principalmente para o trecho que liga Corumbá a Bauru e que passa por Três Lagoas, região produtora de celulose importante", amplia.

Encerramento das atividades pode levar a desatendimento de cerca de 1.600 quilômetros. (Foto: Reprodução)
Encerramento das atividades pode levar a desatendimento de cerca de 1.600 quilômetros. (Foto: Reprodução)

Se a empresa deixar de operar, o transporte de produtos para exportação ou importação será drasticamente afetado. Como é o caso dos combustíveis. Conforme Verruck, para não haver prejuízo do setor no Estado, seria necessário colocar cerca de 200 caminhões a mais por dia nas rodovias de Mato Grosso do Sul.

"Isso sem contar na importância das ferrovias para o escoamento de grãos, minério e celulose", completa. "Sabemos que nossas ferrovias não são competitivas. a velocidade média dos trens é muito baixa, é justamente por isso que precisamos de investimentos e expansão", finaliza.

Mil quilômetros - Segundo Willian Monteiro, representante do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, a Rumo ALL deixará de atender cerca de 1.600 quilômetros de malha ferroviária. "Devido às demissões anunciadas recentemente pela empresa, tudo indica que a linha que conecta Corumbá a Três Lagoas (que pertence ao trecho Corumbá a Bauru) está sendo desativada", detalha.

Com os fechamentos, deixarão de ser atendidas pelas ferrovias as cidades de Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Aquidauana, Miranda e Corumbá, segundo Monteiro. A previsão é que o último transporte de carga no trecho Corumbá - Bauru seja feito no próximo dia 22.

Ponte ferroviária sobre Rio Paraguai. (Foto: Divulgação/ Sindicato)
Ponte ferroviária sobre Rio Paraguai. (Foto: Divulgação/ Sindicato)

"O problema é que a ALL nunca informa seus colaboradores. Não há diálogo, só somos informados quando funcionários repassam informações", afirma o sindicalista.

Posicionamento ALL - Em nota, a Rumo ALL minimizou a situação. "A concessionária informa que houve a necessidade de um ajuste em suas operações da métrica norte, envolvendo as áreas de mecânica e tração", diz o texto.

Sobre a situação dos funcionários, garante que ofereceu opções trabalhistas. "A companhia ressalta que ofereceu aos funcionários um pacote demissional além das verbas rescisórias de lei, inclusive com cursos de capacitação, reciclagem técnica e consultoria para recolocação profissional", afirma.

"Por fim, a empresa esclarece que suas operações dependem da demanda de mercado e que mantém uma comunicação transparente com os funcionários sobre suas diretrizes", finaliza.

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