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Economia

Exportação de milho cresce 80%, mas venda de carne cai 40% em MS

Caroline Maldonado | 21/07/2015 12:05
Destaque da balança comercial é do milho em grão, que ampliou exportação (Foto: Cleber Gellio)
Destaque da balança comercial é do milho em grão, que ampliou exportação (Foto: Cleber Gellio)
Sojicultores ampliaram a produção, exportaram volume maior, mas receberam um montante menor pelo produto (Foto: Marcos Ermínio)
Sojicultores ampliaram a produção, exportaram volume maior, mas receberam um montante menor pelo produto (Foto: Marcos Ermínio)

Contrariando a onda de retração nas exportações de Mato Grosso do Sul, cujo o deficit é de 17%, o milho em grão aumentou a exportação em 80%, no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014. Segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o volume negociado com outros países quase dobrou e o valor passou de US$ 50,1 milhões para US$ 90,5 milhões, sinal de que os preços foram bons e reflexo do aumento de área plantada, que alcança 1,65 milhão de hectares em MS, crescimento de 86% em cinco anos, conforme dados da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul).

Os ventos não foram tão bons para o mercado de soja, pois os agricultores ampliaram a produção, exportaram volume maior, mas receberam um montante menor pelo produto. No último semestre, o valor total das exportações de soja caiu 14%, passando de US$ 978,6 milhões para US$ 839,4 milhões, em relação aos seis primeiros meses do ano passado, conforme o levantamento do Mdic.

No entanto, percebe-se aumento na quantidade destinada a outros países, que foi de 1,9 milhão de toneladas para 2,1 milhões de toneladas. O preço caiu e os produtores receberam 23,2% a menos por tonelada de soja exportada, segundo o consultor de agronegócio, Aldo Barrigosse.

“Mato Grosso do Sul embarcou 11,75 % a mais de soja em comparação com primeiro semestre de 2014 e recebeu 14,22% a menos. O produtor está vendendo pelo mesmo preço de anos anteriores. Sem falar que na comercialização, em media 30% do valor fica na logística, então a lucratividade foi diluída com a redução no preço internacional”, explica.

A falta de espaço suficiente para armazenar os grãos também dificultou as negociações. “A capacidade de armazenagem em MS não chega a 20% da safra. O investimento em infraestrutura sempre dá bom resultado. Se tiver armazém, o produtor pode vender quando tiver preço melhor”, destaca, ao lembrar que a estocagem ajudaria, mas o tempo também não pode ser tão longo, pois perde-se a qualidade do produto.

Não espera-se que o mercado de soja reverta a situação tão logo, conforme o especialista. “A queda nos preços internacionais e aumento dos juros no Brasil tendem a inibir ampliações de áreas plantadas, mas uso de tecnologia deve ser maior, ou seja, iremos melhorar a produtividade por hectare”, prevê o especialista.

Exportação de carne bovina desossada e congelada caiu 39,2%, no semestre (Foto: Divulgação/Fiems)
Exportação de carne bovina desossada e congelada caiu 39,2%, no semestre (Foto: Divulgação/Fiems)

Deficit – A exportação de carne bovina desossada e congelada caiu 39,2%, no semestre. A retração é resultado de uma tendência nacional na diminuição gradativa do número de animais abatidos, que em MS já caiu 15%, com o fechamento de 16 frigoríficos.

A situação é fruto de um processo desencadeado há cerca de três anos, quando produtores ficaram descapitalizados, em vista do custo operacional alto e não fizeram muitos investimentos. “Também teve redução de área destinada a pecuária, pois houve expansão de outras produções, de forma generalizada, como cana-de-açúcar e eucalipto. O que, por um lado, é bom porque o Estado não fica dependendo só do boi”, comenta Aldo.

Também caíram as exportações de minério de ferro (-68%), carne de galinha (-15%), carne suína congelada (-38%), algodão (-53%), peças não desossadas de bovinos (-45%), amido de milho (-47%), entre outros produtos com saldo negativo.

Entre os países que reduziram a importação de MS está o maior comprador, a China (-4,2%); o segundo no ranking, a Itália (-11) e os demais que fazem parte dos que importam maior volume de produtos, Argentina (-56%), Países Baixos – Holanda (-46%) e Rússia (-62%).

Saldo – O deficit poderia ser maior, não fosse o avanço nas exportações a países que compram volumes menos expressivos, como Vietnã, cuja a negociação cresceu 88% e a participação do país na balança passou de 1,3% pra 3%. Egito comprou 147% a mais, Irã importou 94% além do montante do mesmo semestre de 2014, Taiwan aumentou a compra em 78%, Emirados Árabes Unidos em 46%, Índia em 247% e Nigéria em 200%.

A diversificação na relação com os países é positiva e tem ajudado, conforme o consultor. “O ideal é ter muitos parceiros, porque você dilui seu risco, pois quando tenho as negociações concentradas em poucos parceiros tenho o risco aumentado”, destaca Aldo. Conforme o levantamento, cresceram as exportações de açúcar de cana (38,4%), milho em grão (80,6%) e papel (93,1%), entre outras.

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